Pombo Bravo (ou Perdiz) à moda de Málaga

Esta receita é originalmente de perdiz. É uma receita antiga que pode ser encontrada no mestre João Ribeiro e que, sendo  muito simples, é, simultaneamente, muito boa, fazendo realçar os sabores das aves de caça. 



Fiz este prato com quatro pombos bravos (pombo torcaz) e surpreendeu-me pela positiva. Claro que, particularmente em pratos de caça, a qualidade da matéria prima é fundamental.

Vamos a trocos 

4 pombos bravos
 3 cebolas médias
2 dentes de alho espetados com 1 cravinho
2 folhas de louro
3,5dl de azeite virgem extra
4,5dl de vinho branco seco
1dl de vinagre de vinho
50g de chocolate preto
Sal e pimenta q.b.

Corte a cebola em meias luas muito finas, descasque os alhos e espete-lhes os cravinhos.
Limpe muito bem os pombos e corte-os ao meio.
Num tacho largo e de fundo grosso faça uma cama com a cebola, o alho e o louro e coloque os pombos por cima. Tempere de sal e pimenta e regue com todos os líquidos.

Leve a estufar bem tapado e muito lentamente até os pombos estarem tenros. Se as peças forem mesmo de caça demora bem mais de uma hora. 
Retire os pombos para um prato fundo e aquecido, onde vão ser servidos.
Com o tacho ainda ao lume, junte o chocolate preto ao molho e mexa muito bem até estar completamente dissolvido.

Coe o molho com um passador fino e regue os pombos.

Sirva a gosto podendo acompanhar com cogumelos salteados, espargos, ervilhas, arroz basmati ou puré de batata. O vinho deve ser tinto e de alguma complexidade. Esqueça os vinhos muito jovens.

Legumes salteados com camarão


Não dá tanto trabalho como pode parecer e é excelente. Pode servir-se como entrada ou como prato principal mas tem o inconveniente de termos de estar na cozinha quando chegam os convivas. Tem que ser feito à hora e, por isso, os aplausos finais são mais merecidos.



800g de espargos
1 alho francês
2 cenouras grandes
250g de rebentos de soja
1 chalota
3 ou 4 malaguetas vermelhas
1 Kg de camarão cru 30/40
3 dentes de alho
2 colheres de chá rasas de gengibre em pó
raspa da casca de uma laranja
Azeite
Vinho branco
Sal, pimenta,

Descasque os camarões, deixando apenas o rabo, e retire a tripa.

Corte as malaguetas em juliana retirando previamente todas as sementes.
Pique a chalota e o alho.

Tempere os camarões com metade das malaguetas e do alho, a raspa da casca de uma laranja, sal, pimenta, uma colher de gengibre em pó e azeite. Misture tudo muito bem e reserve.

Limpe levemente os espargos com o descascador, corte a parte fibrosa do pé e coza-os ao vapor por 4 minutos. Retire e mergulhe-os em água gelada para que se mantenham crocantes e com uma bonita cor verde. Deixe arrefecer, escorra, corte em 3 ou 4 pedaços e reserve.

Corte o alho francês e as cenouras em juliana. Reserve.

Numa taça faça um molho com o restante alho e malagueta, a chalota picada e uma colher de gengibre em 4 colheres de sopa de azeite. Reserve.

Prepare um coador que deve colocar sobre um prato. À medida que for salteando os legumes irá colocá-los no coador para que vão escorrendo para o prato.  Trate de arranjar uma tampa para o coador para que os legumes salteados se mantenham quentes.

É importante que os legumes sejam salteados em lume vivo para que a operação seja rápida mas sem queimar os legumes. O segredo está em não os passar de mais pois devem manter-se crocantes.

Vá colocando um fio de azeite num sauté grande (ou num wok) e salteie todos os legumes -  espargos, alho francês, cenoura e rebentos de soja – e vá temperando com sal e pimenta.

Guarde para o fim os camarões e proceda da mesma maneira aproveitando o azeite em que foram temperados. Salteie-os rapidamente em lume forte e reserve.

Conclua fazendo um molho com o que preparou na taça – alho, malagueta, chalota, gengibre e azeite. Verta para o sauté, deixe cozer a malagueta, o alho e a chalota e acrescente um golo de vinho branco para evaporar. No prato que ficou por baixo do coador deve ter ficado algum molho que escorreu dos legumes. Pode acrescentar ao molho. Corrija temperos. É com este molho que vai temperar esta salada quente.

Emprate a gosto.

Torrão de chocolate e amêndoa


Inspirado numa receita, à base de amendoim, da Nigella Lawson, aqui está uma variante da gulodice, mais ao meu gosto, que vai muito bem no final de uma refeição a acompanhar o café. Um torrão de chocolate e amêndoa que se come e se repete e repete, até se transformar num pecado.


300 g de chocolate negro
200g de chocolate Crunch
125 g de manteiga sem sal
45 ml de mel
250g de amêndoa torrada salgada


Forma redonda de 25 cm forrada com papel de alumínio.

Compre amêndoa com sal ou, em alternativa, torre as amêndoas sem pele humedecendo-as primeiro com uns salpicos de água, polvilhando-as com um pouco de sal refinado e levando-as ao forno a 180°C até alourarem. Prefiro a segunda alternativa pois a primeira é demasiado salgada para o meu gosto. 

Parta em pedaços o chocolate negro e deite num tacho de fundo grosso. Junte a manteiga e o mel, coloque sobre lume brando e deixe derreter lentamente. Envolva tudo até ficar macio.
Enquanto o chocolate derrete deite as amêndoas, inteiras ou ligeiramente partidas, numa taça e junte as barras de chocolate Crunch esmagadas.

Quando a mistura de chocolate estiver completamente derretida e macia verta sobre as amêndoas e o chocolate Crunch e envolva tudo rapidamente. Despeje o preparado na forma e alise com uma espátula.


Leve ao frigorífico até estar bem duro ou de um dia para o outro, desenforme e corte aos pedaços com uma faca grande sobre uma tábua de cozinha. Aguenta bastantes dias no frigorífico dentro de um Tupperware.

RINS DE VITELA COM MOSTARDA


O rim de vitela pode ser um bom petisco. Sei de quem não aprecie rim e que se tenha rendido a esta forma de o confeccionar. Tomei por base uma receita antiga de Maria de Lourdes Modesto e procedi a alguns pequenos ajustamentos que julgo que a actualizaram. Segundo ela - e é também a minha opinião - esta proposta pode transformar-se num prato requintado se servido dentro de uma coroa de arroz de ervilhas. 

Desta vez acompanhei com arroz de cenoura (que também liga muito bem), grelos cozidos e temperados com azeite de alho e uma colher de chutney de manga. Delicioso.



Para 4-6 pessoas

2 rins de vitela (médios)
3 colheres de sopa de manteiga
0,75dl  de aguardente velha
1,5dl  de natas
1 colher de sopa de mostarda
Sumo de limão
Uma mão cheia de sultanas
Sal e pimenta

Os rins devem ser abertos e cuidadosamente limpos retirando toda a gordura e os veios, procurando não os desfazer. Corte-os longitudinalmente em fatias finas. Tempere-os com um pouco de sal, pimenta e sumo de limão e reserve por 10 minutos. Escorra-os se necessário e reserve o escorrido.

Derreta a manteiga numa frigideira e salteie os rins cortados. Estando tenros junte o sumo de limão que tenha escorrido, as sultanas e deixe secar um pouco por mais 1 minuto.
Regue-os com a aguardente, previamente aquecida, e puxe fogo.
Agite a frigideira até a chama desaparecer por completo e junte as natas.
Mantenha em lume brando durante mais um pouco, misture tudo muito bem e, por fim, tempere com mostarda e corrija temperos.


Coisas do dia seguinte












 "Volver a los 17
1987 - Mercedes Sosa (1935-2009), Milton Nascimento, Gal Costa, Caetano Veloso e Chico Buarque de Hollanda.

Aletria




Para 6-8 pessoas

150 g de aletria
1l de leite gordo
280 g de açúcar
Casca de ½ limão
1 pau de canela
6 gemas
50 g de manteiga
Sal
Canela em pó

Solte a aletria com as mãos, para que coza por igual e leve ao lume em água a ferver com uma pitada de sal. Deixe ferver por 5 minutos.
Entretanto, leve um tacho ao lume com o leite, o açúcar, a casca de limão, o pau de canela e mantenha a fervilhar.
Coloque as gemas numa taça e envolva-as bem com um pouco de leite que retirou do tacho.

Logo que a aletria esteja cozida retire do lume e escorra muito bem retirando toda a água. Junte a aletria cozida ao leite e deixe fervilhar durante 5 a 8 minutos mexendo um pouco. Após este tempo de cozedura junte a manteiga e envolva bem.

Retire o tacho do lume e junte as gemas em fio mexendo sempre. Leve novamente ao lume mexendo sempre durante 2 minutos para cozer as gemas. Tire do lume. Retire o pau de canela e a casca de limão. Está pronta.

Coloque a aletria numa travessa. Estando fria enfeite com canela em pó. 

Exposição de Pintura

As Idades do Mar


Figura de Branco, Biarritz, 1906
Óleo sobre tela 63 x 91,5 cm Museo Sorolla, Madrid
Joaquín SOROLLA BASTIDA (1863-1923)



As Idades do Mar  - Exposição de pintura no Museu Calouste Gulbenkian que termina já no próximo dia 27 de Janeiro. Uma centena de obras de autores dos Sécs. XVI ao XX com o apoio excepcional de Museu d'Orsay.




Boralá!

Tapenade (do Mestre João Ribeiro, 1905-1988)


O Mestre João Ribeiro (1905-1988) é, por vezes, referido como o melhor Chefe de Cozinha do Séc. XX português. Teve uma longa carreira onde se contam o Tavares Rico, o Palace de Vidago, o Hotel Borges e, em 1934, o célebre Aviz Hotel (que foi demolido e se localizava onde hoje é o Sheraton), à data, o melhor e mais luxuoso hotel de Lisboa. Foi aí que serviu Calouste Gulbenkian durante os 13 anos que este viveu no hotel, até falecer em 1955.
Conferir esta e outras receitas no interessante livro O Livro do Mestre João Ribeiro, José Labaredas e José Quitério, Assírio & Alvim 1996.

A sua receita de Tapenade pode ser servida simples (para comer com tostas) ou em meios ovos cozidos. Ter em atenção que a receita está escrita para as condições de trabalho da época e deve, portanto, ter uma operação adaptada aos nossos dias.


200g de polpa de azeitonas pretas pisadas no almofariz com
100g de filetes de anchovas
100g de atum de conserva
1 colher de sopa de mostarda inglesa
200 g de alcaparras (estas últimas chamam-se tapeno em provençal e dão o nome à composição)
2 dl de azeite fino
Especiarias
Pimenta
1 a 2 cálices de conhaque

Tudo isto bem esmagado.
Deve ser passado por peneiro e incorporado, trabalhando com varas, juntando-se-lhe depois o azeite, uma pitada de especiarias, bastante pimenta e 1 ou 2 cálices de conhaque.

Esta composição conserva-se em vaso tapado.

Cortam-se ovos cozidos, longitudinalmente, ao meio. A gema tira-se e é pisada no almofariz com a tapenade necessária, adicionando um pouco mais de azeite para tornar untuoso este ante pasto.
Guarnecer as metades dos ovos com esta massa, quer com saco de pasteleiro, quer alisando em cúpula com a lâmina de uma faca pequena.

Troncos de pepino escavados e metidos em vinagreta por alguns minutos, e depois escorridos, também podem ser enchidos com tapenade.

Bolo de Tâmaras


Um obrigado para o João e para a Martinha por esta gulosa receita.

No fundamental é um bolo sem farinha, em que esta é substituída pela amêndoa moída. Tem o aliciante adicional da textura bastante doce e caramelizada das tâmaras. Deve ser decorado à base de chantilly, o que acrescenta frescura aos sabores quentes da amêndoa e da tâmara.


250g tâmaras descaroçadas e picadas à mão
200g açúcar
200g amêndoa moída com pele 
8 gemas
8 claras em castelo

Pré aqueça o forno a 180ºC (em convexão  a 170ºC).
Prepare uma forma sem buraco, de 24cm, com papel vegetal barrado com manteiga.
Bata as claras em castelo. Reserve.
Bata bem o açúcar com as gemas,  junte as amêndoas moídas, as tâmaras picadas e envolva tudo. Vá acrescentado as claras em castelo às colheradas grandes e envolvendo delicadamente até ficar uma massa uniforme. 
Encha a forma com a massa e leve ao forno durante 45 minutos.

Decore com Chantilly a gosto.

Chantilly Clássico

2dl de natas
50g de açúcar em pó  (ice sugar)

Arrefecer bastante as natas.
Bater as natas na batedeira (sem bater de mais para não se transformar em manteiga).
Juntar o açúcar em pó e bater até ficar firme.
Reservar no frio até servir.

25 de Abril

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