"Os homens e mulheres que hoje dominam a política ocidental são na sua grande maioria produtos - ou, no caso de Nicolas Sarkozy, subprodutos - dos anos 60. Bill e Hillary Clinton, Tony Blair e Gordon Brown são todos “baby boomers". São-no também Anders Fogh Rasmussen, o primeiro-ministro “liberal” da Dinamarca; Ségolène Royal e Martine Aubry, as conflituosas candidatas à liderança do anémico Partido Socialista francês, e Herman Van Rompuy, o novo presidente, meritório mas desinteressante, da União Europeia.
Este grupo de políticos tem em comum o entusiasmo que não consegue inspirar nos eleitores dos seus países respectivos. Não parecem acreditar com grande firmeza em qualquer conjunto coerente de princípios ou políticas: e embora nenhum deles - com a possível excepção de Blair - seja tão execrado como o ex-presidente George W. Bush (outro baby boomer), fazem um contraste flagrante com os estadistas da geração da Segunda Guerra Mundial. Não transmitem nem convicção nem autoridade.
Beneficiários dos Estados-providência que põem em causa, eles são todos filhos de Thatcher: políticos que superintenderam ao recuo nas ambições dos seus antecessores. De poucos - mais uma vez com a excepção de Bush e Blair - se pode dizer activamente que tenham traído a confiança democrática neles depositada. Mas se há uma geração de homens e mulheres públicos com uma responsabilidade comum pela nossa suspeita colectiva da política e dos políticos, eles são os seus verdadeiros representantes. Convencidos de que pouco podem fazer, pouco fazem. Deles o melhor que pode ser dito, como tantas vezes sucede com a geração baby boom, é que não defendem nada em particular: políticos light."
Tony Judt
"Um tratado sobre os nossos actuais descontentamentos"
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