Sobre gastronomia e outras coisas (que isto está tudo ligado...)
António Mega Ferreira, 1949 - 2022
Uma atraente receita da Marlene Vieira. Experimentei e recomendo.
800g de bacalhau desfiado grosseiramente e demolhado
350 g de massa penne
1 cebola às rodelas finas
1 dente de alho
1 pimento vermelho às tiras finas
1 alho francês em juliana fina
azeite, sal e pimenta q.b.
4 colheres de sopa de queijo de São Miguel ralado
1 pacote de natas frescas (200 g)
1 colher de sopa de salsa picada
SUGESTÃO DE EMPADA DE FRANGO
(A DIZER-SE GALINHA, EM TEMPO ANTIGO)
Ana Luísa Amaral
Estender, leve, finíssima a lençol
muito macio, de folha eficiente
que resistisse ao espaço de entre duas
rochas em puro e antigo sedimento:
massa quebrada pronta previamente.
Pode ser esta em ternura de mão,
ou daquela mais dócil e à venda,
porém menos em conta, todavia,
igualmente macia e suculenta.
Dispô-la então numa forma redonda,
pois, como na cabala, o circular
possui simbologia fascinante.
E, em maternal amparo, reservar.
Agora, refogar uma cebola,
antes picada descuidadamente,
nalgum azeite em pouca graduação:
assunto delicado e importante.
Que o refogado seja doce e manso
(cf. sugestão sobre o lençol),
de maneira a acolher um frango todo,
cozido e desfiado anteriormente.
Note-se que em receita mais antiga,
e aqui podia ler-se noutros dias,
ou seja, AC, ou seja, Antes da Crise,
não se dizia frango, mas galinha.
Mexer alguns minutos e juntar
salsa picada muito suave e fina,
e, caso em sobra de algum orçamento,
cogumelo em fatia pequenina.
Acrescentar dois copos cheios de leite,
duas colheres pequenas de farinha
e, no fim, meio limão, bem sumarento.
Tem-se pronto o recheio. Então, e à mão,
aconchegá-lo ao reservado leito
e cobri-lo depois a folha fina
da massa já quebrada. Pincelar
com gema de ovo, a qual, caso tiver
pequena gota de imaginação,
produzirá, com a massa sobrante,
desenhos que, colados na coberta,
serão curto navio, bruxa oscilante,
minúsculas estrelas, nome amado,
ou (o mais fácil) linhas em quadrado.
Serve entre seis e oito comensais,
e, respeitada bem, servirá mais -
sobretudo se for acompanhada
a salada de versos sussurrados.
Que fazer com esta perda? Uma ausência irreparável sentida por todos os portugueses que a respeitavam e admiravam.
Mais uma excelente receita tradicional de bacalhau...
4 lombos altos de bacalhau, bem demolhados
2 cebolas médias cortadas às rodelas bem finas
2 fatias de broa amarela (milho)
Azeite, puré de batata, maionese, q.b.
Azeitonas (facultativo)
Preaqueça o forno à temperatura de 180°C.
Comece por cortar as cebolas finamente e espalhe-as pelo fundo da assadeira que vai levar ao forno. Coloque as postas de bacalhau demolhado por cima assegurando que a pele fica virada para baixo. Regue tudo abundantemente com azeite.
Baixe a temperatura para 160°C e leve a assadeira ao forno por 45 minutos. Findo esse tempo o bacalhau está assado. Retire do forno, cubra as postas de bacalhau com maionese e polvilhe como miolo da broa depois de esfarelado. Arranje a assadeira juntando porções de puré na quantidade desejada. Leve novamente ao forno para para tostar o miolo de broa.
Retire do forno (se desejar, acrescente as azeitonas) e sirva imediatamente.
Uma excelente combinação de sabores. Foie gras, compota de figo com vinho do Porto e nozes tostadas.
Compota de figo
A receita de Spaghetti alla Nerano tem origem na vila costeira de Nerano, na Costa Amalfitana. A receita deve-se a Maria Grazia, dona de um restaurante local no início do Séc.XX, e é tão famosa como simples e saborosa. O restaurante ainda existe com o seu nome e aí, e em praticamente todos os restaurantes de Nerano, pode degustar-se esta famosa receita de esparguete. A sua fama acabou por conduzir a uma multiplicidade de reinterpretações, todas com base em esparguete e courgette (zucchine).
A receita que aqui fica não corresponde ao original Spaghetti alla Nerano (se é que alguém sabe qual foi a original!) mas respeita a ideia base e é muito saborosa.