Haiku - esculpir as palavras com a alma

Haiku em Portugal e Haikai no Brasil


Wikipédia - Haiku Haikai (俳句 Haiku ou Haicai) é uma forma poética de origem japonesa, que valoriza a concisão e a objetividade. Os poemas têm três linhas, contendo na primeira e na última cinco letras japonesas, e sete letras na segunda linha. Em japonês, haiku são tradicionalmente impressos em uma única linha vertical, enquanto haiku em Língua Portuguesa geralmente aparecem em três linhas, em paralelo. O principal haicaísta foi Matsuô Bashô (1644-1694), que se dedicou a fazer desse tipo de poesia uma prática espiritual.
De facto o Haiku é muito mais do que uma forma poética. Antes deve ser associado a uma cultura de profunda ligação à natureza (xintoísmo) e a uma escrita multisignificante. Como diz A. C. Missias, poeta americano


O haiku é uma forma de ver o mundo. Cada haiku capta um momento de experiência; um instante em que o simples subitamente revela a sua natureza interior e nos faz olhar de novo o observado, a natureza humana, a vida.

de Herberto Helder

Ah, o passado.
O tempo onde se acumularam
Os dias lentos.


de David Rodrigues, dois de que gosto particularmente.

quando o Sol
entra em casa pela manhã
saio à sua procura

não há palavras
que segurem os meus olhos –
caem para o teu peito



MEMORABILIA

Pensar a igualdade de direitos, todas as igualdades e todos os direitos; e mesmo que já esquecidas há muito, no percurso das conquistas da história, saber que elas (in)formam hoje o caminho da liberdade.


O país profissional

Sempre me impressionou que jornalistas brilhantes se comportassem como miúdos travessos abandalhando as reuniões, chegando atrasados, atendendo o telemóvel, entregando-se a pequenos exercícios de vaidade, distraindo-se em conversas laterais, falando a demais e a despropósito.
Oito em cada dez empresários portugueses acham que a maioria das reuniões são desnecessárias e improdutivas, segundo um inquérito da AESE (...). Entre FB, Twitter, mails, Messenger, reuniões e telefonemas gastamos a comunicar tempo que seria mais bem empregue a trabalhar. O excesso de reuniões é uma das maiores fontes de ineficiência das organizações. Segundo calcula Kevan Hall, o guru inventor do speed lead, desperdiçamos um dia por semana (nove anos de vida!) em reuniões que não acrescentam valor.
Jorge Fiel, in Público de 29 Out 2009

Não conheço Jorge Fiel mas pelo menos isto temos em comum; também sempre me impressionou profundamente a terrível falta de eficácia das reuniões profissionais. E de como aqueles comportamentos condenáveis e tão pouco profissionais, a começar pela falta de pontualidade, representam uma profunda falta de respeito pelos outros.
Estou convicto que as empresas, de uma forma geral, conhecem este problema (embora não equacionem a urgência da sua resolução).
Há já bastantes anos tive oportunidade de frequentar uma acção de formação profissional sobre condução de reuniões da qual tirei ensinamentos úteis e que passei a aplicar esforçadamente na minha vida profissional. Constatei que, na sua grande maioria, todos os meus colegas acharam igualmente útil esta formação. Pude, no entanto, comprovar que a passagem à prática foi genericamente débil ou nula. Na nossa cultura empresarial a indisciplina e a vaidade (oh como é bom ouvirmo-nos falar eloquente e longamente - não é só na Assembleia da Republica!) são lidos como exercícios de poder. E muitas vezes premiados! E no confronto com o rigor este só pode perder.

Infelizmente não são apenas os jornalistas, como refere Jorge Fiel. Será que esta é uma realidade apenas latina?

A "esquerda" a defender a escola pública

Ouvi agora na rádio que o projecto de avaliação dos professores do BE apresenta, entre outras, as seguintes linhas:

Os professores passarão a ser avaliados no âmbito da avaliação das escolas e não individualmente; por outras palavras isto quer dizer que deixarão de ser avaliados.

Não haverá quotas para a avaliação: "O mérito não tem quotas".

A minha primeira reacção: O populismo, a ignorância e a incompetência servem qualquer bandeira; da "esquerda" à direita.

Vamos aguardar a confirmação do pior...

O Público a dar a volta por cima

Editorial do Público de hoje:


O fundador deste jornal, Vicente Jorge Silva, disse num texto recente que a credibilidade da imprensa de referência ficou seriamente afectada pelos incidentes que rodearam a última campanha para as legislativas. Um balanço duro, mas uma conclusão lúcida.
Não temos nada a acrescentar a uma polémica sobre a qual tudo está dito e da qual não ficaremos reféns. A razão de estarmos aqui hoje é anterior a tudo isso. Mas não escamoteamos o facto de ser nossa primeira obrigação repor essa credibilidade ameaçada, conscientes que estamos da percepção pública de um excesso de peso ideológico no jornal.

Bye, bye, José Manuel Fernandes...

Arranja-me um emprego

Na Presidência da Republica, no Governo, na Administração Regional e Local, nos Partidos políticos, nas Empresas Publicas e nas micro-mini-pequenas-e-médias empresas abriram vagas. 
Descrição do posto de trabalho: "Referencial de estabilidade"
As candidaturas para o lugar são mais que muitas; é visível que qualquer bicho-careta se acha inspirado por um referencial de estabilidade.


 Vai candidatar-se a...? não, não, eu mantenho-me como referencial de estabilidade; está a pensar em alternativas a...? neste momento, qualquer alternativa passa obrigatoriamente por assegurar um referencial de estabilidade; as medidas a tomar deverão...? não podemos deixar de ter como objectivo assegurar um referencial de estabilidade; o Presidente da Republica...? a única fora de assegurar que mantém uma posição arbitral no panorama político  é constituir-se com um referencial de estabilidade... blá, blá, blá.... 


Num país como uma tão elevada taxa de desemprego pena é que seja um actividade desempenhada em acumulação (remunerada?).

Significantes em busca de significados


As fotos de Lois Greenfield falam de movimento, de corpos que desafiam a lei da gravidade (que, curiosamente, é uma lei de atracção de corpos). Mostram uma realidade que só existe pelo prodígio da paragem do tempo; uma realidade impossível.
Um universo de significantes em busca de significados?

Pezinhos de Porco de Coentrada (Alentejo)

Este é um dos petiscos da minha preferência. Como noutros comeres da região também este é um autêntico milagre alentejano: converte parentes pobres em comensais de eleição pelo prodígio dos alhos e dos coentros.

Pezinhos de Porco de Coentrada (Alentejo)
Para 5 pessoas

10 pezinhos de porco (frescos)
2 cebolas
5 cravinhos
20 dentes de alho (2 cabeças)
2 molhos de coentros
1 dl de azeite
1 colher de sopa de farinha
0,5 dl de vinagre
sal

É cada vez mais difícil encontrar pezinhos frescos à venda nos hipermercados. Em alternativa encontram-se pezinhos pré cozidos que com uma boa correcção de temperos dão muito bem para preparar este prato. Se encontrar a quem possa fazer a encomenda de pezinhos frescos é sempre preferível.

Os pezinhos de porco frescos devem estar bem limpos de pêlos e bem raspados e lavados em água fria.

Espetam-se os cravinhos nas cebolas. Leva-se uma panela ao lume com água abundante onde se introduzem os pezinhos, a cebola com os cravinhos e um pouco de sal. Deixa-se ferver até os pezinhos estarem cozidos, o que leva entre 3 a 4 horas (1/2 hora na panela de pressão). Devem estar bem cozidos apresentando-se moles, com os ossos a soltarem-se. Já os encontrei, num restaurante dito alentejano, sem respeitarem este princípio; estavam ainda um pouco duros o que lhes retira todo o encanto. Bem desagradável!

Depois de cozidos deixam-se arrefecer um pouco e podem desossar-se, aproveitando toda a carne. Eu pessoalmente gosto de encontrar os ossos, pelo que apenas lhes retiro os maiores, sem grande preocupação de rigor nesta operação.

Pisam-se os alhos com o sal num almofariz.

Deita-se esta papa num tacho e rega-se com o azeite, que deve cobrir o fundo do tacho. Mal as alhos comecem a alourar, juntam-se os coentros migados (cortados) à faca. Tenha o cuidado de mexer bem e não deixar que os alhos alourem de mais. Ao colocar os coentros no azeite este não pode estar muito quente senão queima-os. Sugiro que antes de colocar os coentros acrescente um pouco da água da cozedura dos pezinhos para baixar a temperatura. Retira-se o tacho do calor e adiciona-se a farinha dissolvida no vinagre. Leva-se o tacho novamente ao lume para cozer a farinha. Introduzem-se os pezinhos no molho, assim como um pouco mais de caldo onde cozeram até quase os cobrir. Rectifica-se o sal e deixam-se apurar durante cerca de 10 minutos em lume brando. O molho deve ficar espesso e verde. Devem comer-se muito quentes acompanhados de batatas fritas cortadas grossas ou de fatias de pão alentejano torrado.

Receita adaptada de “Cozinha Tradicional Portuguesa, de Maria de Lourdes Modesto”.


Li Wei - o realismo impossível


Li Wei é um artista performático chinês que nos surpreende com coisas como estas (não são montagens fotográficas).



Ele parece querer provar-nos que podemos adquirir as capacidades das personagens da BD. Estou a lembrar-me do pobre coyote, parceiro do roadrunner, a quem tudo acontece e que tem a triste sina de sempre recuperar só para que lhe aconteça de novo.
Conferir aqui ou aqui.

Lá como cá

Obama declara guerra à Fox News.

A Fox News faz a “promoção de um ponto de vista” e não está verdadeiramente preocupada com as notícias, diz David Axelrod, o principal conselheiro político de Obama. Parece-me que conheço isto de qualquer lado!?

Um dos comentadores da Fox News, Glenn Beck, já chegou ao ponto de dizer que Obama é racista - “Tem um ódio profundamente enraizado pelos brancos”.

A Casa Branca está revoltada com a Fox News e promete ser mais dura na resposta às suas opiniões mascaradas de notícia. Mas a direita não reconhece à Administração Americana o direito à indignação. Lá como cá, também para alguns, o poder não tem o direito à indignação (não passa de perseguição) e os conservadores já falam “listas de inimigos”, possivelmente a abater.

O mundo é pequeno. Confira aqui.

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