Variações sobre um Linguini de Mariscos

A receita original é do Chef Jamie Oliver; resolvi introduzir algumas pequenas alterações que me pareceram oportunas e mais ao nosso gosto mediterrânico.  As quantidades aqui apresentadas dão para 12 pessoas.
Este prato é não só muito saboroso como agradável à vista. Boa oportunidade para reunir os amigos...
Para o Linguini
4 dentes de alho, descascados e fatiados
2 malagueta vermelha fresca, sem sementes e fatiada
1 cebola média
1,6Kg de marisco (mexilhões, amêijoas)
25 a 30 gambas
2 latas de 400g de tomate em pedaços
1dl de vinho branco seco
sal marinho e pimenta preta acabada de moer
raspa de 1 limão
800g de Linguini
300ml de nata
azeite extra virgem
salsa fresca picada grosseiramente

Para temperar as gambas
Alho
Sumo de limão
Piripiri
Azeite
Sal


Confecção
Descasque as gambas (não tire a cabeça) e tempere-as com sal, alho, sumo de limão, piripiri e um fio de azeite com pelo menos 2 horas de antecedência. Posteriormente limpe as gambas e grelhe-as em lume vivo. Reserve.
Lave os mexilhões e as amêijoas em água fria.
Deite um bom golpe de azeite num tacho bem grande e frite o alho, a malagueta e a cebola picada em lume brando durante 5 minutos, até alourar. Refresque com o vinho branco e deixe evaporar um pouco. Acrescente os mexilhões e as amêijoas, frite durante 2 minutos agitando o tacho e junte os tomates em pedaços. Tempere bem, acrescente a raspa do limão e deixe ferver. Reduza o lume para médio e cozinhe por 10 minutos, até que o marisco esteja cozido e o molho tenha engrossado ligeiramente. Misture a nata no molho de marisco e volte a deixar levantar fervura durante um minuto, depois tempere a gosto. Rejeite os mexilhões e as amêijoas que não tenham aberto e acrescente as gambas grelhadas.
Ponha ao lume uma grande caçarola com água fria e sal até ferver e coza o Linguini seguindo as instruções do pacote.
Escorra a massa e misture suavemente no molho de marisco com mais um bom fio de azeite extra virgem e a salsa picada.

Sopa doce de Pêra

Fácil, barato e bom.

É uma sobremesa de Verão mas, como já não a fazia há muito e havendo pedidos nesse sentido, ontem lá a fui fazer até porque é muito fácil e rápida de confeccionar.
Trata-se de um doce de colher feito à base de Pêra Rocha e com especiarias - Canela e Anis-estrelado. Um creme que fica muito macio e aromático; deve ser servido frio.

Receita que dá para 12 taças.

Ingredientes
2kg Pêra Rocha
2dl Água
4 Paus de Canela
4 Unidades de Anis-estrelado
400g Açúcar
1dl de Natas

Confecção
Descasque as pêras, leve-as ao lume numa panela juntamente com a água, o açúcar, os paus de canela e o anis-estrelado e deixe cozer bem. No fim de bem cozidas retire o anis e os paus de canela e reduza-as a puré com a varinha mágica.
Deixe arrefecer a sopa, bata ligeiramente as natas e junte à sopa; mexa bem. Sirva frio em taça.


Se tiver no frigorifico uma redução de Vinho do Porto aproveite  e faça uns desenhos. Fica mais bonito...

Devo esta receita ao Chef Paulo André, com quem tive o prazer de aprender muito, já lá vão uns anos.

Arroz Cremoso De Abóbora E Camarão

Esta receita foi publicada na Revista Visão e é do Chef Nuno Inverneiro. A que aqui publico tem ligeiras adaptações mas, no essencial respeita o original. 

Quando a li pareceu-me que ia resultar muito bem e durante a sua execução acrescentei apenas o gengibre e, em substituição do caldo de galinha, o caldo de camarão. Também substitui o queijo Serpa por Parmesão. Este arroz é forte. Penso que se tivesse optado pelo queijo Serpa ainda ficaria mais pesado; fica à sua escolha.  A receita original também prevê apenas 4 camarões tigre. Eu fiz com 6 e concluí que pode ir até 8 camarões tigre.

Trata-se de um arroz carolino feito como se se tratasse de um risotto e cujo resultado final muito se aproxima. É excelente de paladar e textura e tem algum requinte pelo que esta receita pode ser reservada para um jantar especial. O único senão é que deve ser servido de imediato, pelo que a confraternização antes do jantar pode ficar prejudicada.

Pormenor importante: utilize um bom vinho branco seco na confecção.


[PARA 8 A 1O PESSOAS] 

Marinada 
8 camarões tigre 
2 colher se sopa de azeite 
1 colher de sopa de gengibre picado 
4 dentes de alho picado 
Sumo de limão 
Pimenta de Caiena 
Sal q.b. 

Fazer uma marinada com todos os ingredientes. Marinar os camarões durante uma noite ou, no mínimo, quatro horas. Aquecer bem o grelhador, secar muito bem os camarões e grelhá-los 4 ou 5 minutos de cada lado dependendo do seu tamanho. Descascar os camarões e cortá-los aos pedaços. Aproveitar as cabeças para fazer um caldo de camarão. 


Arroz ( 30 minutos) 
4 colheres de sopa de azeite 
1 cebola média picada 
500g de arroz carolino 
1 chávena de bom vinho branco 
1,5l de caldo de galinha ou caldo de camarão 
1 abóbora-manteiga, média, assada 
5 colheres de sopa de queijo de Serpa amanteigado ou de parmesão ralado na hora 
2 chávenas de rúcula selvagem 

Refogar a cebola no azeite com uma boa pitada de sal, adicionar o arroz até que fique ligeiramente tostado, 2 a 3 minutos. Adicionar o vinho e deixar cozinhar, mexendo até que o arroz absorva todo o líquido. Começar a adicionar o caldo, aos poucos, mexendo sempre, e não voltar a introduzir mais líquido até que o anterior esteja completamente absorvido. Este processo deve ser feito mexendo constantemente para que o arroz liberte a própria goma, devendo parar-se quando o arroz estiver tenro, embora oferecendo alguma resistência quando se trinca. É provável que sobre algum caldo. Envolver a abóbora depois de triturada, o queijo, o camarão e, por fim, a rúcula.

Acompanhe com um Prova Régia (um excelente Arinto de Bucelas a preço muito acessível). 

Qualidade portuguesa: Chef Pedro Baroso a Oriente

A qualidade dos sabores mediterrânicos no novo Hotel Armani da torre Burj Khalif, no Dubai, com 160 andares e 800 metros de altura, é de inspiração portuguesa.


Coquilles de St. Jacques (Vieiras Gratinadas)

Esta excelente receita faz as delícias cá de casa há já alguns anos. Sirvo-a como entrada quente. É uma entrada de paladar requintado pelo que pode ser servida numa refeição especial acompanhada de um bom Alvarinho. A primeira vez que a fiz consegui comprar vieiras frescas. Guardei as conchas e agora, mesmo que só consiga arranjar miolo de vieira fresco (vende-se nalgumas grandes superfícies, muitas vezes por encomenda), tenho sempre garantida a apresentação em concha.

As vieiras são melhores nos meses mais frios do ano. Escolha as que tiverem as conchas bem fechadas. Para preparar vieiras frescas, apoie a junta das conchas sobre uma superfície plana e introduza uma faca numa das aberturas logo acima da junta. Mantendo a faca junto da concha plana, corte o músculo que liga a carne à concha. É esse músculo que mantém as conchas unidas. Abra a vieira de vagar. Retire a carne e deite fora o saco preto e o restante músculo. Lave as conchas para servirem de prato.

Também pode comprar o miolo de vieira fresco, limpo e embalado. Se tiver dificuldade em encontrar vieiras, pode preparar esta receita utilizando lombos de tamboril.

Comece 2 horas antes; 4 porções (entrada)

8 Vieiras grandes arranjadas ou
450 g de carne de vieira
1 Ramo de cheiros
1,5dl de vinho branco seco
1,5 dl de água
100g de margarina ou manteiga
2 Colheres de sopa de sumo de limão
100g de cogumelos às fatias
50g de cebola picada
5 Colheres de sopa de farinha
1 Gema
4 Colheres de sopa de natas
Sal e pimenta
25 g de pão ralado

Para enfeitar (facultativo): Raminhos de salsa Rodelas de limão

Leve ao lume uma frigideira com as vieiras e o ramo de cheiros e regue com o vinho e a água. Quando levantar fervura, tape e deixe cozer durante 10-15 minutos. Escorra as vieiras, retire o ramo de cheiros e guarde o caldo. Corte as vieiras em bocados. Pincele as conchas com manteiga derretida.

Derreta 25 g de manteiga com 1 colher de sopa de sumo de limão, junte os cogumelos e a cebola e deixe cozer sobre lume muito brando durante 10 minutos. Adicione metade da restante manteiga, a farinha, mexa e deixe cozer 2 minutos. Deite o caldo e deixe cozer mais 3 minutos. Retire do lume.

À parte, misture a gema com as natas e um pouco do preparado anterior. Deite na frigideira do molho e junte as vieiras. Tempere e reaqueça sem deixar ferver. Distribua o preparado pelas conchas e coloque-as num tabuleiro.

Derreta a restante manteiga e misture com o pão ralado e o sumo de limão, deite sobre as vieiras e leve-as ao forno até ficarem douradas.

Receita de "O Grande Livro da Cozinha Internacional" edição de Selecções do Reader's Digest, 1986.

Terrina de Foie gras

Vamos lá ao Foie gras, como prometido!

Esta receita resulta de uma pesquisa feita na net e de algum bom senso. Ter em atenção que se estamos a falar de um mi-cuit,  trocado por miúdos, baixa temperatura. As recomendações encontradas variam mas, para um mi-cuit, as temperaturas de forno não ultrapassam os 97ºC. Coisa diferente se quisermos fazer uma conserva, onde vamos aos 103ºC.
Os tempos de cozedura também variam, bem como as alternativas de forno ou cozedura em frasco.

Esta receita dá um pouco de trabalho e deve ser feita com antecedência pois o Foie gras deve descansar pelo menos dois dias (há quem diga dois meses) para apurar todos os sabores.
Para quem gosta tanto de Foie gras como eu, não há que hesitar. Tudo somado e experimentado ficou assim... e ficou bem (bom).

2 Foies gras frescos – aprox. 1100g
(dá uma forma de bolo inglês)

Preparação para uma conserva
Lavar o Foie gras rapidamente em água corrente. Colocar o foie gras em leite tépido durante duas horas (para sangrar).

Retirar do leite, passar por água corrente e limpar bem com papel de cozinha.

Os Foies gras que se vendem congelados em vácuo já vêm sem fel. Caso contrário há que retirá-lo bem como todos os vasos sanguíneos e a pele fina que o reveste. Faça isso sobre uma tábua de cozinha que pode estar coberta com papel vegetal. Arranje espaço e meta a mão! Não há como fazê-lo de outra forma; vá abrindo os Foies gras com os dedos e procurando os veios principais com cuidado. Vá puxando um a um, devagar, e, se necessário, com a ajuda de uma faca; os veios mais finos vêm a trás. Deve tirar o máximo de veios que conseguir pois é desagradável encontrá-los depois. Tenha em atenção que, mesmo que o Foie gras fique muito desfeito, ele vai reconstituir-se depois, na cozedura.

Depois desta tarefa executada coloque o Foie gras numa taça e tempere com uma mistura de sal (12g/kg), açúcar (5g), pimenta branca (2g) e um pouco de noz moscada. Armagnac (30ml), vinho do porto (30ml) - 15ml por cada 500g de foie gras. Tapar com película bem colada ao Foie gras para retirar o ar e reservar 24h no frigorífico.

24 horas depois retirar do frigorifico e deixar à temperatura ambiente cerca de 1 hora. Caso seja necessário limpar do excesso de sal e pimenta. Enformar calcando bem.

Eu utilizei uma forma de bolo inglês para a qual fiz uma tampa à medida, em cartão, que envolvi em papel de alumínio. Sobre esta tampa é possível colocar um peso para que vá fazendo pressão sobre o Foie gras durante o tempo de cozedura. Coloquei outra forma de bolo inglês com um peso dentro para pressionar o Foie gras.

É altura de levar o Foie gras ao forno pré-aquecido a 103ºC, a cozer em banho-maria durante 2 horas. Ao fim de 2 horas está pronto e coberto de gordura, pelo que deve ser retirado do forno com cuidado.

Finalização
Retirar a forma do forno e deixar à temperatura ambiente até que arrefeça completamente para que não haja choque térmico.  Posteriormente levá-lo ao frigorífico, mantendo o peso em cima. Ao fim de 4 a 6 horas retirar do frigorífico, e retirar o peso. Aproveitar toda a gordura acumulada e aquecê-la um pouco para derreter. Regar a superfície do foie gras enformado com a gordura que se aproveitou para o proteger de uma oxidação rápida. Levar novamente no frigorífico durante um período de, pelo menos, 48 horas. Se esperar mais tempo ficará ainda melhor.

Quando for altura de servir o Foie gras deve desenformá-lo . Passe, várias vezes, um pano molhado em água quente por toda a superfície da forma. Vai notar que a gordura começa a humedecer ligeiramente; será altura de o virar para um prato apropriado. Corte  as fatias (1cm) com a ajuda de uma faca fina previamente molhada em água bem quente.

Pode empratar com Queijo de figo, tostas e um toque de redução de Vinho do Porto. O que sobrar aguenta-se muito bem no frigorífico coberto por película aderente.

Faz bem ao corpo e ao espírito...


Queijo de Figo

Aproxima-se o Jantar de Natal e já estou nos preparativos. Mantendo embora alguma tradição - quem dispensa o bacalhau? - não deixarei que os palatos morram de tédio, pelo que farei alguns desvios que, espero, tenham sucesso assegurado.
Hoje darei conta de um casamento, para entrada, que me parece particularmente bom; "Terrine de Foie Gras com queijo de Figo".

Destes dois componentes encontram-se múltiplas receitas na net embora nem todas coincidentes. O trabalho a fazer é tentar encontrar um equilíbrio entre tudo o que se lê, lançando mão do bom senso e da experiência; e depois arrisquei e resultou.


Comecemos pelo Queijo de Figo, uma receita bem simples de uma espécie de bolo de figo que dá um óptimo contraste com o Foie Gras. De execução fácil e rápida pode ser feito com uns dias de antecedência pois aguenta-se perfeitamente no frigorífico.

Comecei por escolher os figos secos a comprar pois nesta altura do ano a oferta é muita e nem sempre da melhor qualidade. Fugi dos figos de pele rija, de aparência seca e de cor mais branca. Os melhores são os quem têm a pele mais translúcida, de tonalidade castanha e que  se apresentam húmidos e moles.
Para fazer um bolo de dimensão razoável fiz o dobro das seguintes quantidades:

250g Figos secos
125g Miolo de amêndoa (com casca)
8g Chocolate em pó
1 Colher Chá de erva-doce
2g Canela
75g Açúcar
1/2 Chávena Água;
1 Cálice de aguardente de medronho
Raspa de limão

E o método não podia ser mais simples:
Moem-se os figos e as amêndoas. Num tacho coloca-se o chocolate, as especiarias, o limão, o medronho, o açúcar e a água. Deixa-se ferver, dá-se uma mexidela e juntam-se os figos e as amêndoas. Mexe-se bem para que fique homogéneo e coloca-se numa terrina, numa forma de bolo sem buraco ou ainda num aro de dimensão apropriada. Prensa-se bem e coloca-se no frio. Pode decorar-se com algumas amêndoas torradas ou com imaginação. Optei por fazer num aro pois pareceu-me mais fácil de desenformar. E, de facto,  depois de um dia no frio, o aro retira-se facilmente com o auxílio de uma pequena faca que se vai passando por água quente.

Depois falamos da "Terrine de Foie Gras"

Claude Monet



No Museu Thyssen, em Madrid, de 23 de Fevereiro a 30 de Maio de 2010, podemos contar com a exposição "Monet e a Abstracção". Estarão representadas as obras mais significativas da ultima fase do pintor.
Onde estás TGV que fazes falta!

Mãos na massa

Sábado passado mais uma aula com o Chefe Henrique Sá Pessoa na Quinta São Luiz.
Para além da grande simpatia e disponibilidade do Chefe, pudemos confrontar-nos com uma entrada de Camarão salteado em azeite de baunilha, com puré de maçã e alho francês e chutney de ananás e chilli;
Um Bife Rossini (sem trufas, que se atrasaram!);
e para o fim das hostilidades um Crumble de maçã e frutos silvestres
As dicas, como os aromas e paladares, foram mais que muitas e também a boa disposição. E já à mesa, nas degustações, lá fomos trocando impressões sobre a gastronomia portuguesa e a quanto, a sua representação e divulgação, se encontra distante de outras como (para não ir mais longe) a espanhola. Apoios precisam-se...
Até à próxima, Chefe!

Jardineira de mão de vaca

Se gosta da cozinha tradicional portuguesa e tem memória gastronómica, talvez lhe aconteça ter saudades de uma boa jardineira de mão de vaca. Já se vê pouco e, cá de casa, não tenho memória.
Outro dia resolvi pôr as mãos ao caminho (que este caminho faz-se com as mãos e com a alma) e fui à procura. Encontrei duas mãos de novilho e não hesitei - vamos à jardineira! (Será que este nome vem do jardim de cores garridas que evoca o vermelho do tomate, o laranja da cenoura e o verde da ervilha?)
Foi exactamente esta a receita que resultou num gostoso encontro com os sabores do passado. Não voltarei a deixar passar tanto tempo sem revisitar este manjar que -  mais se recomenda - entra pouco na bolsa.
A mão de vaca 
1 mão de vaca ou 2 de novilho
1 cenoura
1 cebola pequena
8 grãos de pimenta
1 cravinho
vinagre e sal q.b.



Limpa-se bem a mão de vaca, raspa-se e queima-se para retirar qualquer pêlo. Em seguida ferve-se uns minutos e deita-se essa água fora. Coze-se então numa panela de pressão em água temperada com 1 cenoura, 1 cebola pequena, 8 grãos de pimenta, 1 cravinho, um gole de vinagre e sal. Coze cerca de 1 hora.
Depois de cozida retiram-se os ossos à mão de vaca e parte-se a carne em pedaços pequenos. Reserva-se a carne e o caldo.


A Jardineira
1 chouriço de carne
4 fatias de entremeada
5 fatias de bacon
2 cenouras grandes
1 cebola grande
2 tomates maduros
800g de batatas aos cubos
400g de ervilhas
4 dentes de alho
folha de louro
1 dl de azeite
2 colheres de polpa de tomate
1,5 dl de vinho branco
1 colher de chá de polpa de pimentão
1 piripiri
salsa picada q.b.
sal q.b.



Num tacho grande faz-se um refogado com a cebola picada, o alho picado, o louro e o azeite. Junta-se então o bacon aos bocados, a entremeada aos pedaços previamente temperada com um pouco de sal e a salsa. Quando começar a alourar refresca-se com o vinho. Refoga mais um pouco e adiciona-se o tomate depois de limpo de sementes, a polpa de tomate, o pimentão, o piripiri e o chouriço às rodelas cortadas em quatro. Tapa-se e deixa-se estufar até a entremeada estar meio cozida. Juntam-se então as batatas cortadas aos cubos, as ervilhas e as cenouras em cubos.



Vai-se adicionando um pouco do caldo da mão de vaca que entretanto cozeu.
Quando os legumes estiverem cozidos junta-se a carne da mão de vaca, corrige-se os temperos e deixa-se ferver mais uns minutos para apurar...Desliga-se o lume e repousa um pouco. Serve-se acompanhado de arroz branco.

Citação

(...) Todos nós conhecemos os actores políticos, os seus percursos, as ideias que professam, os seus comportamentos políticos; e, muito importante, exercem o poder com base no voto popular, que é a regra da democracia. Que sabemos nós dos detentores do poder judiciário? Por onde andaram, que ideias políticas professam? E a pergunta fatal: qual a raiz do seu poder soberano? Com que legitimidade o exercem? Esta é a questão crucial com que, mais dia, menos dia, teremos de confrontar-nos.
Daniel Proença de Carvalho, in Diário Económico 21.11.2009

Citação

Uma escuta


Por Vasco Pulido Valente

(...) A oposição acusa Sócrates de não dar explicações ao país sobre o que alegadamente disse na escuta a Armando Vara. Não percebe, ou percebe demasiado bem, que a mais leve explicação abriria um precedente perigoso. Dali em diante, o primeiro boato com uma aparência de plausibilidade forçaria o primeiro-ministro a justificar, como culpado presuntivo, cada movimento e cada palavra, que directa ou indirectamente transpirasse para a televisão ou para a imprensa. O Governo acabaria por se transformar, como de resto já se transformou, numa feira contínua e num escândalo gratuito. É inteiramente legítimo tentar remover Sócrates de cena. Não é legítimo, nem recomendável arriscar nessa querela a própria integridade do regime.
In Público 20.11.09 

Foie Gras - Receita para Moscatel









Foie Gras inteiro salteado, em redução de Moscatel de Setúbal, com Uvas Moscatel (adaptação de uma receita de José Bento dos Santos). É uma receita requintada para uma refeição especial.

Ingredientes: (para 4 pessoas)
1 Foie gras cru (cerca de 500 g)
1 garrafa de Moscatel de Setúbal
1 dente de alho
½ sumo de limão
15 g de açúcar
3 cl de caldo de galinha concentrado
30 bagos de uva moscatel


Preparação:

Lavar o foie gras, retirar-lhe o fel (normalmente já vem extraído) e secá-lo em papel de cozinha. Temperá-lo com uma mistura de sal (15g), açúcar (5g), pimenta (2g) e um pouco de noz moscada.




Cobrir com filme de cozinha e reservar 6 h. no frigorífico.
Deitar o Moscatel numa caçarola e reduzi-lo lentamente (1 h. a 1,5 h.) a 1/5 do seu volume até ficar xaroposo.
Retirar as grainhas das uvas e reservar.

Finalização:
Esfregar o dente de alho numa frigideira antiaderente. Selar o fígado com a frigideira bem quente até ficar dourado de ambos os lados.
Retirar a gordura formada.

Levar o fígado num tacho ou cocotte que vá ao lume e regá-lo com a redução do Moscatel. Misturar o açúcar com o sumo de limão e adicionar. Adicionar também o caldo de galinha. Por fim adicionar as uvas.
Levar a lume brando durante cerca de 15 minutos, tendo o cuidado de ir regando o fígado com o molho formado. Terminar com uma volta do moinho de pimenta. Deixar arrefecer e retirar o excesso de gordura. Servir quente, depois de fatiado, acompanhado de tostas finas.

Mexilhão de tomatada em conserva


1Kg de Mexilhão
5 Dentes de alho
1 Cebola
10g de Pimento verde
10g de Pimento amarelo
10g de Pimento vermelho
4 Tomates maduros
1dl de vinho branco
10g de massa de pimentão
2dl de azeite
1 cravinho
Sal q.b.
Coentros em grão q.b.
Pimenta verde q.b.

Faça um refogado com todos os ingredientes em juliana. Refresque com o vinho branco. Depois de limpos e lavados junte o mexilhão ao refogado em lume forte para abrirem. Retire as cascas e guarde o mexilhão de tomatada em frascos de conserva. Leve-os ao lume fechados, em panela com água até meio do frasco. Deixe-os ficar 10 minutos em lume brando para ganharem vácuo. Deixe arrefecer e guarde no frigorífico.

Servir simples à temperatura ambiente ou em fatia de pão/broa torrado.

Haiku - esculpir as palavras com a alma

Haiku em Portugal e Haikai no Brasil


Wikipédia - Haiku Haikai (俳句 Haiku ou Haicai) é uma forma poética de origem japonesa, que valoriza a concisão e a objetividade. Os poemas têm três linhas, contendo na primeira e na última cinco letras japonesas, e sete letras na segunda linha. Em japonês, haiku são tradicionalmente impressos em uma única linha vertical, enquanto haiku em Língua Portuguesa geralmente aparecem em três linhas, em paralelo. O principal haicaísta foi Matsuô Bashô (1644-1694), que se dedicou a fazer desse tipo de poesia uma prática espiritual.
De facto o Haiku é muito mais do que uma forma poética. Antes deve ser associado a uma cultura de profunda ligação à natureza (xintoísmo) e a uma escrita multisignificante. Como diz A. C. Missias, poeta americano


O haiku é uma forma de ver o mundo. Cada haiku capta um momento de experiência; um instante em que o simples subitamente revela a sua natureza interior e nos faz olhar de novo o observado, a natureza humana, a vida.

de Herberto Helder

Ah, o passado.
O tempo onde se acumularam
Os dias lentos.


de David Rodrigues, dois de que gosto particularmente.

quando o Sol
entra em casa pela manhã
saio à sua procura

não há palavras
que segurem os meus olhos –
caem para o teu peito



MEMORABILIA

Pensar a igualdade de direitos, todas as igualdades e todos os direitos; e mesmo que já esquecidas há muito, no percurso das conquistas da história, saber que elas (in)formam hoje o caminho da liberdade.


O país profissional

Sempre me impressionou que jornalistas brilhantes se comportassem como miúdos travessos abandalhando as reuniões, chegando atrasados, atendendo o telemóvel, entregando-se a pequenos exercícios de vaidade, distraindo-se em conversas laterais, falando a demais e a despropósito.
Oito em cada dez empresários portugueses acham que a maioria das reuniões são desnecessárias e improdutivas, segundo um inquérito da AESE (...). Entre FB, Twitter, mails, Messenger, reuniões e telefonemas gastamos a comunicar tempo que seria mais bem empregue a trabalhar. O excesso de reuniões é uma das maiores fontes de ineficiência das organizações. Segundo calcula Kevan Hall, o guru inventor do speed lead, desperdiçamos um dia por semana (nove anos de vida!) em reuniões que não acrescentam valor.
Jorge Fiel, in Público de 29 Out 2009

Não conheço Jorge Fiel mas pelo menos isto temos em comum; também sempre me impressionou profundamente a terrível falta de eficácia das reuniões profissionais. E de como aqueles comportamentos condenáveis e tão pouco profissionais, a começar pela falta de pontualidade, representam uma profunda falta de respeito pelos outros.
Estou convicto que as empresas, de uma forma geral, conhecem este problema (embora não equacionem a urgência da sua resolução).
Há já bastantes anos tive oportunidade de frequentar uma acção de formação profissional sobre condução de reuniões da qual tirei ensinamentos úteis e que passei a aplicar esforçadamente na minha vida profissional. Constatei que, na sua grande maioria, todos os meus colegas acharam igualmente útil esta formação. Pude, no entanto, comprovar que a passagem à prática foi genericamente débil ou nula. Na nossa cultura empresarial a indisciplina e a vaidade (oh como é bom ouvirmo-nos falar eloquente e longamente - não é só na Assembleia da Republica!) são lidos como exercícios de poder. E muitas vezes premiados! E no confronto com o rigor este só pode perder.

Infelizmente não são apenas os jornalistas, como refere Jorge Fiel. Será que esta é uma realidade apenas latina?

A "esquerda" a defender a escola pública

Ouvi agora na rádio que o projecto de avaliação dos professores do BE apresenta, entre outras, as seguintes linhas:

Os professores passarão a ser avaliados no âmbito da avaliação das escolas e não individualmente; por outras palavras isto quer dizer que deixarão de ser avaliados.

Não haverá quotas para a avaliação: "O mérito não tem quotas".

A minha primeira reacção: O populismo, a ignorância e a incompetência servem qualquer bandeira; da "esquerda" à direita.

Vamos aguardar a confirmação do pior...

O Público a dar a volta por cima

Editorial do Público de hoje:


O fundador deste jornal, Vicente Jorge Silva, disse num texto recente que a credibilidade da imprensa de referência ficou seriamente afectada pelos incidentes que rodearam a última campanha para as legislativas. Um balanço duro, mas uma conclusão lúcida.
Não temos nada a acrescentar a uma polémica sobre a qual tudo está dito e da qual não ficaremos reféns. A razão de estarmos aqui hoje é anterior a tudo isso. Mas não escamoteamos o facto de ser nossa primeira obrigação repor essa credibilidade ameaçada, conscientes que estamos da percepção pública de um excesso de peso ideológico no jornal.

Bye, bye, José Manuel Fernandes...

Arranja-me um emprego

Na Presidência da Republica, no Governo, na Administração Regional e Local, nos Partidos políticos, nas Empresas Publicas e nas micro-mini-pequenas-e-médias empresas abriram vagas. 
Descrição do posto de trabalho: "Referencial de estabilidade"
As candidaturas para o lugar são mais que muitas; é visível que qualquer bicho-careta se acha inspirado por um referencial de estabilidade.


 Vai candidatar-se a...? não, não, eu mantenho-me como referencial de estabilidade; está a pensar em alternativas a...? neste momento, qualquer alternativa passa obrigatoriamente por assegurar um referencial de estabilidade; as medidas a tomar deverão...? não podemos deixar de ter como objectivo assegurar um referencial de estabilidade; o Presidente da Republica...? a única fora de assegurar que mantém uma posição arbitral no panorama político  é constituir-se com um referencial de estabilidade... blá, blá, blá.... 


Num país como uma tão elevada taxa de desemprego pena é que seja um actividade desempenhada em acumulação (remunerada?).

Significantes em busca de significados


As fotos de Lois Greenfield falam de movimento, de corpos que desafiam a lei da gravidade (que, curiosamente, é uma lei de atracção de corpos). Mostram uma realidade que só existe pelo prodígio da paragem do tempo; uma realidade impossível.
Um universo de significantes em busca de significados?

Pezinhos de Porco de Coentrada (Alentejo)

Este é um dos petiscos da minha preferência. Como noutros comeres da região também este é um autêntico milagre alentejano: converte parentes pobres em comensais de eleição pelo prodígio dos alhos e dos coentros.

Pezinhos de Porco de Coentrada (Alentejo)
Para 5 pessoas

10 pezinhos de porco (frescos)
2 cebolas
5 cravinhos
20 dentes de alho (2 cabeças)
2 molhos de coentros
1 dl de azeite
1 colher de sopa de farinha
0,5 dl de vinagre
sal

É cada vez mais difícil encontrar pezinhos frescos à venda nos hipermercados. Em alternativa encontram-se pezinhos pré cozidos que com uma boa correcção de temperos dão muito bem para preparar este prato. Se encontrar a quem possa fazer a encomenda de pezinhos frescos é sempre preferível.

Os pezinhos de porco frescos devem estar bem limpos de pêlos e bem raspados e lavados em água fria.

Espetam-se os cravinhos nas cebolas. Leva-se uma panela ao lume com água abundante onde se introduzem os pezinhos, a cebola com os cravinhos e um pouco de sal. Deixa-se ferver até os pezinhos estarem cozidos, o que leva entre 3 a 4 horas (1/2 hora na panela de pressão). Devem estar bem cozidos apresentando-se moles, com os ossos a soltarem-se. Já os encontrei, num restaurante dito alentejano, sem respeitarem este princípio; estavam ainda um pouco duros o que lhes retira todo o encanto. Bem desagradável!

Depois de cozidos deixam-se arrefecer um pouco e podem desossar-se, aproveitando toda a carne. Eu pessoalmente gosto de encontrar os ossos, pelo que apenas lhes retiro os maiores, sem grande preocupação de rigor nesta operação.

Pisam-se os alhos com o sal num almofariz.

Deita-se esta papa num tacho e rega-se com o azeite, que deve cobrir o fundo do tacho. Mal as alhos comecem a alourar, juntam-se os coentros migados (cortados) à faca. Tenha o cuidado de mexer bem e não deixar que os alhos alourem de mais. Ao colocar os coentros no azeite este não pode estar muito quente senão queima-os. Sugiro que antes de colocar os coentros acrescente um pouco da água da cozedura dos pezinhos para baixar a temperatura. Retira-se o tacho do calor e adiciona-se a farinha dissolvida no vinagre. Leva-se o tacho novamente ao lume para cozer a farinha. Introduzem-se os pezinhos no molho, assim como um pouco mais de caldo onde cozeram até quase os cobrir. Rectifica-se o sal e deixam-se apurar durante cerca de 10 minutos em lume brando. O molho deve ficar espesso e verde. Devem comer-se muito quentes acompanhados de batatas fritas cortadas grossas ou de fatias de pão alentejano torrado.

Receita adaptada de “Cozinha Tradicional Portuguesa, de Maria de Lourdes Modesto”.


Li Wei - o realismo impossível


Li Wei é um artista performático chinês que nos surpreende com coisas como estas (não são montagens fotográficas).



Ele parece querer provar-nos que podemos adquirir as capacidades das personagens da BD. Estou a lembrar-me do pobre coyote, parceiro do roadrunner, a quem tudo acontece e que tem a triste sina de sempre recuperar só para que lhe aconteça de novo.
Conferir aqui ou aqui.

Lá como cá

Obama declara guerra à Fox News.

A Fox News faz a “promoção de um ponto de vista” e não está verdadeiramente preocupada com as notícias, diz David Axelrod, o principal conselheiro político de Obama. Parece-me que conheço isto de qualquer lado!?

Um dos comentadores da Fox News, Glenn Beck, já chegou ao ponto de dizer que Obama é racista - “Tem um ódio profundamente enraizado pelos brancos”.

A Casa Branca está revoltada com a Fox News e promete ser mais dura na resposta às suas opiniões mascaradas de notícia. Mas a direita não reconhece à Administração Americana o direito à indignação. Lá como cá, também para alguns, o poder não tem o direito à indignação (não passa de perseguição) e os conservadores já falam “listas de inimigos”, possivelmente a abater.

O mundo é pequeno. Confira aqui.

Sobre o mesmo tema.








Limpar Portugal





Esta campanha está em curso  e no mínimo merece o benefício da dúvida.
Se formos, por uma vez, menos descrentes e começarmos por aderir antes de criticar, talvez se consiga fazer do dia 20-03-2010 um dia de referência. Todos sabemos que há alguma ingenuidade neste tipo de movimentos, mas a ingenuidade tem a força do que é novo, da esperança e do futuro. E o Planeta merece.

Para ir acompanhando...
Ps: não deixem de ver o video

Compra um cão

Anda tudo nervoso porque Portugal tem que ganhar a ...Malta! O tom é de medo. E ouvindo as notícias é fácil concluir que o medo faz parte da Selecção e já não depende dos adversários. O país tem uma Selecção medrosa que entra em campo com as pernas a tremer e que quer ir (fazer o quê?) ao Mundial. Talvez o seleccionador ainda se lembre, a tempo, de comprar um cão.

Boa mesa




Tem apetite? Gosta de comer e é apreciador de bons petiscos?
Ainda bem !  Os ditadores são frugais e não têm paladar. Têm que se manter focados em dar cabo da nossas existências;  não podem amolecer com os prazeres da mesa.

Os cínicos

A atribuição do  Prémio Nobel da Paz a Obama vai tornando mais nítida a face dos cínicos.

conferir José Medeiros Ferreira in Bicho Carpinteiro e Aspirina B

Os Cadernos de Malte Laurids Brigge

Li-o nos anos setenta por sugestão de um estimado amigo que hoje revejo menos do que devia.  Por essa altura fazíamos longos serões à conversa sobre as nossas duvidas, sobre o que o mundo esperava de nós e nós dele. Dávamos longos passeios a pé, por vezes embrenhados na noite então menos perigosa, como se esperássemos que ela não confirmasse a nossa frequente e melancólica conclusão: Qual o sentido da vida e como procurá-lo; nós não sabíamos.
Recordo bem a história do seu entusiasmo com "Os Cadernos de Malte Laurids Brigge" e como a importância do texto lhe tinha chegado.  Se bem me lembro por sugestão de João Bénard da Costa.

Ainda tenho essa edição da Editorial Inova de 1975.


Há não muito tempo e depois de curiosas insistências do meu filho mais velho sobre livros e literatura, veio este livro à baila. Não resisti a folheá-lo de novo. Como não resisto a transcrever esta magnífica página.

"Creio que devia começar a trabalhar, agora que aprendo a ver. Tenho vinte e oito anos, e até aqui aconteceu tanto como nada. Vamos repetir: escrevi um estudo sobre Carpaccio, que é mau; um drama chamado «Matrimónio» que quer provar, por meios equívocos, qualquer coisa falsa; e versos. Ah, mas que significam os versos, quando os escrevemos cedo! Devia-se esperar e acumular sentido e doçura durante toda a vida e se possível durante uma longa vida, e então, só no fim, talvez se pudessem escrever dez versos que fossem bons. Porque os versos não são, como as gentes pensam, sentimentos (esses têm-se cedo bastante), - são experiência. Por amor de um verso têm que se ver muitas cidades, homens e coisas, têm que se conhecer os animais, tem que se sentir como as aves voam e que se saber o gesto com que as flores se abrem pela manhã. É preciso poder tornar a pensar em caminhos em regiões desconhecidas, em encontros inesperados e despedidas que se viram vir de longe, - em dias de infância ainda não esclarecidos, nos pais que tivemos que magoar quando nos traziam uma alegria e nós a não compreendemos (era uma alegria para outro - ), em doenças de infância que começam de maneira tão estranha com tantas transformações profundas e graves, em dias passados em quartos calmos e recolhidos e em manhãs à beira-mar, no próprio mar, em mares, em noites de viagem que passaram sussurrando alto e voaram com todos os astros, - e ainda não é bastante poder pensar em tudo isto. É preciso ter recordações de muitas noites de amor, das quais nenhuma foi igual a outra, de gritos de mulheres no parto e de parturientes leves, brancas e adormecidas que se fecham. Mas também é preciso ter estado ao pé de moribundos, ter ficado sentado ao pé de mortos no quarto com a janela aberta e os ruídos que vinham por acessos.
E também não é ainda bastante ter recordações. É preciso saber esquecê-las quando são muitas, e é preciso ter a grande paciência de esperar que elas regressem. Pois que as recordações mesmas ainda não são o que é preciso. Só quando elas se fazem sangue em nós, olhar e gesto, quando já não têm nome e já se não distinguem de nós mesmos, só então é que pode acontecer que, numa hora muito rara, do meio delas se erga a primeira palavra de um verso e saia delas...
 Mas todos os meus versos nasceram de outra maneira; não são versos portanto. "
In "Os Cadernos de Malte Laurids Brigge", Rainer Maria Rilke


Nos anos setenta era muito cedo para sabermos qual o sentido da vida. Nós não sabíamos. Nós não sabemos.

Nobel da Paz

Mesmo que o seu significado já tenha sido algumas vezes diminuído por atribuições míopes, não pode deixar de assinalar-se: Nobel da Paz para Barack Obama


A melhor forma de prestigiar o Nobel e de responder aos que um dia ousaram pensar em George W. Bush. Não podia estar melhor entregue!


BUDDHAEDEN

Buddhaeden



É na Quinta dos Loridos, em Bombarral. São estátuas de Budas, lanternas em granito, estátuas de terracotta, esculturas espalhadas pelos 35 hectares do espaço da quinta dedicado a visitas públicas.

O passeio será mais aliciante talvez daqui a um ou dois anos.  Entretanto haverá tempo para concluir os arranjos ainda em curso, deixar crescer as árvores e os arbustos plantados nos locais onde o espaço da quinta foi reconfigurado e colocar informação ao longo dos percursos, assegurando que o visitante interpreta o espírito do lugar e compreende o que vai vendo. Não está acabado (nem inaugurado) mas já é visitável. A entrada é gratuita. Boa forma de Joe Berardo devolver à sociedade uma (pequena) parcela das suas mais-valias (como, aliás, já faz no CCB - Museu Berardo). O que não se despende à entrada pode ficar, em crescendo, na loja dos vinhos do Grupo Bacalhôa por onde, obrigatoriamente, temos de passar à saída.


Esparguete, atum e espargos

Uma saborosa combinação de atum e espargos num prato simples, mas guloso. 240 g de esparguete 1 lata (385 g) de atum em óleo 1 molho de espa...