Bacalhau confitado com migas de feijão-frade e nabiça (ou espinafres)

Esta receita é originalmente confeccionada com bacalhau assado na grelha (idealmente grelhado no carvão). Não havendo condições para isso, o mais comum é que se recorra a grelhar o bacalhau na chapa, o que não é a mesma coisa. Não podendo grelhar no carvão prefiro simplificar as coisas e confitar o bacalhau, o que representa uma alternativa de qualidade que assegura que o bacalhau fica saboroso e não seca.
Se puder optar por grelhar o bacalhau não se esqueça de o lascar logo após a operação e de o regar com azeite virgem para que não seque.
Pode ainda utilizar couve cortada para caldo-verde como alternativa às nabiças. Já se compra cortada o que facilita muito as coisas e fica igualmente bom.
Para 4-6 pessoas
1 kg Bacalhau confitado
1/2 Broa de milho
1 Molho Nabiças (ou 3 embalagens de espinafres)
250g Feijão-frade
Azeite de confitar o bacalhau q.b.
4 Dentes alho
Vinagre q.b.
Sal e pimenta q.b.

Confitar o bacalhau. (ver receita)
Migar a broa miúda. Reservar.
Cozer as nabiças que devem ficar al dente. Reservar.
Cozer o feijão-frade. Reservar.
Lascar o bacalhau confitado. Reservar.
Num tacho grande levar ao lume o alho e o azeite que sobrou do confitado, deixar ganhar gosto e juntar a broa. Mexer bem para agarrar o azeite e o alho e juntar o bacalhau, as nabiças e o feijão-frade. Mexer com um garfo grande. Rectificar temperos e acrescentar um golpe de vinagre no fim. Servir de imediato.

Bom Ano

Foie gras, queijo de figo, redução de sumo de laranja; acompanhado de um bom Aureus Sauternes 2006.

Cordeiro marroquino picante com cuscuz

Sabores e aromas quentes para o Inverno
(uma receita adaptada de Jamie Oliver) 
Para 6 a 8 pessoas
Tempo de cozedura1 hora e 45 minutos
1 colher de sopa de sementes de cominhos
2 colheres de sopa de sementes de coentros
2 pequenos piripiris secos
2 pedaços de gengibre fresco
sal e pimenta q.b.
azeite q.b.
1 Kg de cordeiro sem gordura, cortado em pedaços 
4 batatas doces, descascadas e cortadas em cubos 
12 cebolinhas
4 dentes de alho laminados
2 latas de 400 g de tomate em pedaços
1 pau de canela
2 folhas de louro fresco
6 a 8 figos bem secos inteiros
1 ramo de coentros frescos

Pré-aqueça o forno a 190°C.
Esmague num almofariz as sementes de cominhos e de coentros com os piripiris, o gengibre, uma boa pitada de sal e pimenta acabada de moer. Misture com três colheres de azeite e barre a carne com metade desta marinada, massajando-a. Reserve.
Entretanto, misture a restante marinada numa tigela com as batatas doces, as cebolas e o alho.
Leve ao lume um tacho grande com um pouco de azeite e os pedaços da carne marinada dourando-a por igual. Retire a carne para uma tigela vazia e ponha no tacho o preparado das batatas doces, fritando-o até que as cebolas amaciem um pouco. Depois desta operação transfira tudo para uma caçarola de barro de ir ao forno, acrescente o tomate, agite bem a caçarola e coloque a carne por cima.
Junte-lhe dois copos com água, o pau de canela, as folhas de louro e os figos secos e leve ao forno pré-aquecido durante 1 hora e 30 minutos - não cubra para que o preparado fique bem dourado.
Pouco antes de servir, espalhe por cima os coentros picados. Sirva com cuscuz. 

Esta substancial receita tem um forte gosto de especiarias e deve ser um pouco picante para cortar os paladares. Eu optei por acentuar mais o picante no cuscuz, que fiz com malaguetas verdes e vermelhas (sem sementes), e cogumelos de Paris previamente salteados. O cordeiro bem apurado é enriquecido pela batata doce que concentrou todos os sabores e se desfez um pouco, formando um molho grosso onde se junta o sabor do figo assado, um pouco doce, que equilibra o conjunto.
Mais um prato para comer devagar e à conversa, acompanhado de um vinho tinto encorpado, que se aguente no confronto com estes sabores mediterrânicos.

Boas Festas


Pachelbel's Canon in D - Original Instruments




Johann Pachelbel (Nuremberg, 1 de setembro de 1653 — Nuremberg, 3 de março de 1706). Compositor e musico do barroco alemão.

Alheira de caça assada com ovo de codorniz

Coisas simples! Uma boa entrada quente para comer devagarinho...
Instalação: uma boa alheira de caça assada sem pele, cortada em porções individuais, e enchapelada com ovo estrelado de codorniz.
Acompanha com pão de mistura ou integral torrado ou frito.

Arroz-doce à moda de Coimbra

Distantes vão os tempos em que nos sábados à tarde, sem escola que me ocupasse, cirandava à volta da minha mãe pedindo-lhe que fizesse arroz-doce. Quando o dia corria de feição lá me fazia a vontade e, como se fosse uma penitência, punha-me ao fogão a mexer o taxo do arroz pois a função demorava muito e ela tinha mais que fazer. E eu gostava! E fazendo perguntas e observando lá aprendi a fazer arroz-doce à moda de Coimbra. No fim tinha o prémio de poder rapar o taxo e, assim, antecipar a lambarice que os meus irmãos só provariam mais tarde.
Tenho bem presente as suas palavras: "olha que estes doces de leite levam sempre sal".
Mais tarde, quando comprei o livro "Cozinha Tradicional Portuguesa" (Ed. Set. 1982) da Maria de Lourdes Modesto, encontrei a receita do Arroz-doce à moda de Coimbra e para grande surpresa minha não levava sal. Resolvi, então, experimentar a receita tal e qual como ela está descrita no livro e que em quase tudo coincide com a da minha mãe. Mas o problema é o quase.
Como está no livro "Cozinha Tradicional Portuguesa" da Maria de Lourdes Modesto
Arroz-doce à Moda de Coimbra  
Para 6 pessoas 
75 g de arroz
1,5 litros de leite 
100 g de açúcar 
1 casca de limão
canela em pó
Ferve-se o leite com a casca de limão. Entretanto, leva-se um tacho ao lume com 1 dI de água e quando ferver junta-se o arroz bem lavado e escorrido. Depois de o arroz cozer entre 3 a 4 minutos, conforme o tamanho do grão, vai-se adicionando, pouco a pouco e mexendo, o leite quente. Esta operação leva cerca de uma hora. Junta-se o açúcar e deixa-se ferver um pouco mais. Deita-se em travessas e polvilha-se com canela.
O arroz-doce, na região de Coimbra, era usado como participação de casamento e pretexto para a apresentação do noivo. As raparigas do povo, juntamente com a mãe e o noivo, visitavam as famílias que conheciam, a quem ofereciam uma travessa de arroz-doce numa canastra coberta com um pano feito nos teares manuais - pano de Almalaguês. Oito dias depois voltavam para buscar a travessa e receberem o respectivo presente.
O resultado final, correspondendo embora a um doce rico como era expectável, não me fez recordar o meu arroz-doce, fosse pela falta da pitada de sal, fosse pelo que me pareceu açúcar a menos.
Sei que este livro tem algumas gralhas e seguramente que pode vir algo daí.
Para o meu arroz-doce de Coimbra:
Para 12 pessoas
200g de arroz carolino 
2 litros de leite gordo
300g de açúcar
um fundo de água que fique ao nível do arroz 
uma pitada de sal
casca de limão 
Canela em pó
É importante que o arroz seja carolino de boa qualidade e não deve ser "bem lavado e escorrido": deve ser escolhido (pode ter alguma impureza) e se necessitar de o passar por água deve ser numa operação rápida para que não perca o amido.
Comece por cozer o arroz no fundo de água com a pitada de sal e quanto ao resto estamos conversados: é exatamente como descreve Maria de Lourdes Modesto. Leva mesmo 1 hora a mexer - vai fazendo estrada - e vai-se acrescentando leite quente, mexendo sempre.
No fim terá a recompensa de mais um momento de reconciliação do corpo com o espírito.

Pato - Perna de pato assada com laranja e mel

4 Pernas de Pato  4 dentes de alho Sumo de 1 laranja Sumo de 1 limão 2 colheres de sopa de mel 1 colher de chá rasa de colorau Pimenta de mo...