25 DE ABRIL. (A POESIA ESTÁ NA RUA)


Este cartaz acompanhou-me durante muitos anos, até que o Sol lhe levou as cores deixando apenas a memória da sua festa. É um cartaz que sempre me tocou particularmente, talvez pela sua força, talvez pela alegria da rua desses dias a que sempre o associei. Revi-o numa oportuna edição comemorativa dos 30 Anos do 25 de Abril publicada pelo Diário de Notícias - "25 de Abril 30 Anos 100 Cartazes". Faz parte do que eu penso ser um díptico de Vieira da Silva "A POESIA ESTÁ NA RUA" conjuntamente com este.



Nestes dois cartazes os elementos são comuns e permitem ler um 25 de Abril fundamentalmente urbano, onde a cidade surge como espaço de liberdade colectiva (talvez reivindicativa!), representando a democracia como um movimento de expressão popular e onde se espera que haja lugar para a imaginação, a criatividade e a liberdade que a poesia convoca.
Nesta data, mais uma vez recordo estas imagens e os momentos de exaltação que lhes ficaram associados, agora que são mais audíveis as vozes críticas e se inauguram Praças Salazar. São as vozes da memória curta, ou da ausência dela, e do direito adquirido. O 25 de Abril, no essencial, cumpriu-se. O sonho, esse, está sempre por cumprir pois é um caminho que se percorre e não um lugar onde se chega e se está. Só quem espera o paraíso, já ali, das soluções formatadas pode vender em saldo o árduo e enriquecedor percurso da Democracia e da Liberdade.



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