A "esquerda" a defender a escola pública

Ouvi agora na rádio que o projecto de avaliação dos professores do BE apresenta, entre outras, as seguintes linhas:

Os professores passarão a ser avaliados no âmbito da avaliação das escolas e não individualmente; por outras palavras isto quer dizer que deixarão de ser avaliados.

Não haverá quotas para a avaliação: "O mérito não tem quotas".

A minha primeira reacção: O populismo, a ignorância e a incompetência servem qualquer bandeira; da "esquerda" à direita.

Vamos aguardar a confirmação do pior...

O Público a dar a volta por cima

Editorial do Público de hoje:


O fundador deste jornal, Vicente Jorge Silva, disse num texto recente que a credibilidade da imprensa de referência ficou seriamente afectada pelos incidentes que rodearam a última campanha para as legislativas. Um balanço duro, mas uma conclusão lúcida.
Não temos nada a acrescentar a uma polémica sobre a qual tudo está dito e da qual não ficaremos reféns. A razão de estarmos aqui hoje é anterior a tudo isso. Mas não escamoteamos o facto de ser nossa primeira obrigação repor essa credibilidade ameaçada, conscientes que estamos da percepção pública de um excesso de peso ideológico no jornal.

Bye, bye, José Manuel Fernandes...

Arranja-me um emprego

Na Presidência da Republica, no Governo, na Administração Regional e Local, nos Partidos políticos, nas Empresas Publicas e nas micro-mini-pequenas-e-médias empresas abriram vagas. 
Descrição do posto de trabalho: "Referencial de estabilidade"
As candidaturas para o lugar são mais que muitas; é visível que qualquer bicho-careta se acha inspirado por um referencial de estabilidade.


 Vai candidatar-se a...? não, não, eu mantenho-me como referencial de estabilidade; está a pensar em alternativas a...? neste momento, qualquer alternativa passa obrigatoriamente por assegurar um referencial de estabilidade; as medidas a tomar deverão...? não podemos deixar de ter como objectivo assegurar um referencial de estabilidade; o Presidente da Republica...? a única fora de assegurar que mantém uma posição arbitral no panorama político  é constituir-se com um referencial de estabilidade... blá, blá, blá.... 


Num país como uma tão elevada taxa de desemprego pena é que seja um actividade desempenhada em acumulação (remunerada?).

Significantes em busca de significados


As fotos de Lois Greenfield falam de movimento, de corpos que desafiam a lei da gravidade (que, curiosamente, é uma lei de atracção de corpos). Mostram uma realidade que só existe pelo prodígio da paragem do tempo; uma realidade impossível.
Um universo de significantes em busca de significados?

Pezinhos de Porco de Coentrada (Alentejo)

Este é um dos petiscos da minha preferência. Como noutros comeres da região também este é um autêntico milagre alentejano: converte parentes pobres em comensais de eleição pelo prodígio dos alhos e dos coentros.

Pezinhos de Porco de Coentrada (Alentejo)
Para 5 pessoas

10 pezinhos de porco (frescos)
2 cebolas
5 cravinhos
20 dentes de alho (2 cabeças)
2 molhos de coentros
1 dl de azeite
1 colher de sopa de farinha
0,5 dl de vinagre
sal

É cada vez mais difícil encontrar pezinhos frescos à venda nos hipermercados. Em alternativa encontram-se pezinhos pré cozidos que com uma boa correcção de temperos dão muito bem para preparar este prato. Se encontrar a quem possa fazer a encomenda de pezinhos frescos é sempre preferível.

Os pezinhos de porco frescos devem estar bem limpos de pêlos e bem raspados e lavados em água fria.

Espetam-se os cravinhos nas cebolas. Leva-se uma panela ao lume com água abundante onde se introduzem os pezinhos, a cebola com os cravinhos e um pouco de sal. Deixa-se ferver até os pezinhos estarem cozidos, o que leva entre 3 a 4 horas (1/2 hora na panela de pressão). Devem estar bem cozidos apresentando-se moles, com os ossos a soltarem-se. Já os encontrei, num restaurante dito alentejano, sem respeitarem este princípio; estavam ainda um pouco duros o que lhes retira todo o encanto. Bem desagradável!

Depois de cozidos deixam-se arrefecer um pouco e podem desossar-se, aproveitando toda a carne. Eu pessoalmente gosto de encontrar os ossos, pelo que apenas lhes retiro os maiores, sem grande preocupação de rigor nesta operação.

Pisam-se os alhos com o sal num almofariz.

Deita-se esta papa num tacho e rega-se com o azeite, que deve cobrir o fundo do tacho. Mal as alhos comecem a alourar, juntam-se os coentros migados (cortados) à faca. Tenha o cuidado de mexer bem e não deixar que os alhos alourem de mais. Ao colocar os coentros no azeite este não pode estar muito quente senão queima-os. Sugiro que antes de colocar os coentros acrescente um pouco da água da cozedura dos pezinhos para baixar a temperatura. Retira-se o tacho do calor e adiciona-se a farinha dissolvida no vinagre. Leva-se o tacho novamente ao lume para cozer a farinha. Introduzem-se os pezinhos no molho, assim como um pouco mais de caldo onde cozeram até quase os cobrir. Rectifica-se o sal e deixam-se apurar durante cerca de 10 minutos em lume brando. O molho deve ficar espesso e verde. Devem comer-se muito quentes acompanhados de batatas fritas cortadas grossas ou de fatias de pão alentejano torrado.

Receita adaptada de “Cozinha Tradicional Portuguesa, de Maria de Lourdes Modesto”.


Li Wei - o realismo impossível


Li Wei é um artista performático chinês que nos surpreende com coisas como estas (não são montagens fotográficas).



Ele parece querer provar-nos que podemos adquirir as capacidades das personagens da BD. Estou a lembrar-me do pobre coyote, parceiro do roadrunner, a quem tudo acontece e que tem a triste sina de sempre recuperar só para que lhe aconteça de novo.
Conferir aqui ou aqui.

Lá como cá

Obama declara guerra à Fox News.

A Fox News faz a “promoção de um ponto de vista” e não está verdadeiramente preocupada com as notícias, diz David Axelrod, o principal conselheiro político de Obama. Parece-me que conheço isto de qualquer lado!?

Um dos comentadores da Fox News, Glenn Beck, já chegou ao ponto de dizer que Obama é racista - “Tem um ódio profundamente enraizado pelos brancos”.

A Casa Branca está revoltada com a Fox News e promete ser mais dura na resposta às suas opiniões mascaradas de notícia. Mas a direita não reconhece à Administração Americana o direito à indignação. Lá como cá, também para alguns, o poder não tem o direito à indignação (não passa de perseguição) e os conservadores já falam “listas de inimigos”, possivelmente a abater.

O mundo é pequeno. Confira aqui.

Sobre o mesmo tema.








Limpar Portugal





Esta campanha está em curso  e no mínimo merece o benefício da dúvida.
Se formos, por uma vez, menos descrentes e começarmos por aderir antes de criticar, talvez se consiga fazer do dia 20-03-2010 um dia de referência. Todos sabemos que há alguma ingenuidade neste tipo de movimentos, mas a ingenuidade tem a força do que é novo, da esperança e do futuro. E o Planeta merece.

Para ir acompanhando...
Ps: não deixem de ver o video

Compra um cão

Anda tudo nervoso porque Portugal tem que ganhar a ...Malta! O tom é de medo. E ouvindo as notícias é fácil concluir que o medo faz parte da Selecção e já não depende dos adversários. O país tem uma Selecção medrosa que entra em campo com as pernas a tremer e que quer ir (fazer o quê?) ao Mundial. Talvez o seleccionador ainda se lembre, a tempo, de comprar um cão.

Boa mesa




Tem apetite? Gosta de comer e é apreciador de bons petiscos?
Ainda bem !  Os ditadores são frugais e não têm paladar. Têm que se manter focados em dar cabo da nossas existências;  não podem amolecer com os prazeres da mesa.

Os cínicos

A atribuição do  Prémio Nobel da Paz a Obama vai tornando mais nítida a face dos cínicos.

conferir José Medeiros Ferreira in Bicho Carpinteiro e Aspirina B

Os Cadernos de Malte Laurids Brigge

Li-o nos anos setenta por sugestão de um estimado amigo que hoje revejo menos do que devia.  Por essa altura fazíamos longos serões à conversa sobre as nossas duvidas, sobre o que o mundo esperava de nós e nós dele. Dávamos longos passeios a pé, por vezes embrenhados na noite então menos perigosa, como se esperássemos que ela não confirmasse a nossa frequente e melancólica conclusão: Qual o sentido da vida e como procurá-lo; nós não sabíamos.
Recordo bem a história do seu entusiasmo com "Os Cadernos de Malte Laurids Brigge" e como a importância do texto lhe tinha chegado.  Se bem me lembro por sugestão de João Bénard da Costa.

Ainda tenho essa edição da Editorial Inova de 1975.


Há não muito tempo e depois de curiosas insistências do meu filho mais velho sobre livros e literatura, veio este livro à baila. Não resisti a folheá-lo de novo. Como não resisto a transcrever esta magnífica página.

"Creio que devia começar a trabalhar, agora que aprendo a ver. Tenho vinte e oito anos, e até aqui aconteceu tanto como nada. Vamos repetir: escrevi um estudo sobre Carpaccio, que é mau; um drama chamado «Matrimónio» que quer provar, por meios equívocos, qualquer coisa falsa; e versos. Ah, mas que significam os versos, quando os escrevemos cedo! Devia-se esperar e acumular sentido e doçura durante toda a vida e se possível durante uma longa vida, e então, só no fim, talvez se pudessem escrever dez versos que fossem bons. Porque os versos não são, como as gentes pensam, sentimentos (esses têm-se cedo bastante), - são experiência. Por amor de um verso têm que se ver muitas cidades, homens e coisas, têm que se conhecer os animais, tem que se sentir como as aves voam e que se saber o gesto com que as flores se abrem pela manhã. É preciso poder tornar a pensar em caminhos em regiões desconhecidas, em encontros inesperados e despedidas que se viram vir de longe, - em dias de infância ainda não esclarecidos, nos pais que tivemos que magoar quando nos traziam uma alegria e nós a não compreendemos (era uma alegria para outro - ), em doenças de infância que começam de maneira tão estranha com tantas transformações profundas e graves, em dias passados em quartos calmos e recolhidos e em manhãs à beira-mar, no próprio mar, em mares, em noites de viagem que passaram sussurrando alto e voaram com todos os astros, - e ainda não é bastante poder pensar em tudo isto. É preciso ter recordações de muitas noites de amor, das quais nenhuma foi igual a outra, de gritos de mulheres no parto e de parturientes leves, brancas e adormecidas que se fecham. Mas também é preciso ter estado ao pé de moribundos, ter ficado sentado ao pé de mortos no quarto com a janela aberta e os ruídos que vinham por acessos.
E também não é ainda bastante ter recordações. É preciso saber esquecê-las quando são muitas, e é preciso ter a grande paciência de esperar que elas regressem. Pois que as recordações mesmas ainda não são o que é preciso. Só quando elas se fazem sangue em nós, olhar e gesto, quando já não têm nome e já se não distinguem de nós mesmos, só então é que pode acontecer que, numa hora muito rara, do meio delas se erga a primeira palavra de um verso e saia delas...
 Mas todos os meus versos nasceram de outra maneira; não são versos portanto. "
In "Os Cadernos de Malte Laurids Brigge", Rainer Maria Rilke


Nos anos setenta era muito cedo para sabermos qual o sentido da vida. Nós não sabíamos. Nós não sabemos.

Nobel da Paz

Mesmo que o seu significado já tenha sido algumas vezes diminuído por atribuições míopes, não pode deixar de assinalar-se: Nobel da Paz para Barack Obama


A melhor forma de prestigiar o Nobel e de responder aos que um dia ousaram pensar em George W. Bush. Não podia estar melhor entregue!


BUDDHAEDEN

Buddhaeden



É na Quinta dos Loridos, em Bombarral. São estátuas de Budas, lanternas em granito, estátuas de terracotta, esculturas espalhadas pelos 35 hectares do espaço da quinta dedicado a visitas públicas.

O passeio será mais aliciante talvez daqui a um ou dois anos.  Entretanto haverá tempo para concluir os arranjos ainda em curso, deixar crescer as árvores e os arbustos plantados nos locais onde o espaço da quinta foi reconfigurado e colocar informação ao longo dos percursos, assegurando que o visitante interpreta o espírito do lugar e compreende o que vai vendo. Não está acabado (nem inaugurado) mas já é visitável. A entrada é gratuita. Boa forma de Joe Berardo devolver à sociedade uma (pequena) parcela das suas mais-valias (como, aliás, já faz no CCB - Museu Berardo). O que não se despende à entrada pode ficar, em crescendo, na loja dos vinhos do Grupo Bacalhôa por onde, obrigatoriamente, temos de passar à saída.


Manter o rumo (acabou a tempestade?)





Hoje levantei-me cedo; tinha que fazer. O dia acordou calmo e ameno.  No inicio deste novo dia é bom ter que fazer e constatar que não nos está vedado o realismo da esperança; continuamos, enquanto povo, a saber a direcção do futuro. Não me queixo.

Clafoutis de Maçã


Não sei de onde fui colher esta receita. Talvez no Elvira's Bistrot , talvez seja já uma adaptação minha; não sei. Sei é que é um bolo muito bom, lustroso e com um toque delicado, a não perder. Tem o pequeno defeito de ter existência fugaz.


700g de Maçã golden 
Sumo de limão q.b.
100g de Farinha
130g de Açúcar
2g de Sal Fino
5 Ovos
50g de Manteiga sem Sal
300ml de Leite
300ml de Natas
Açúcar em Pó e canela (facultativo)


Depois de tudo pesado e medido, e antes de iniciar a preparação, deve ligar o forno a 180ºC, para ir aquecendo.
Descasque as 700g de maçãs, lamine-as com 2mm de espessura (na mandolina) e polvilhe com 30g de açúcar e com o sumo de limão para não oxidar, deixando descansar cerca de 15 minutos.
Utilize um tabuleiro ou uma forma circular anti-aderente de 26cm que deve forrar com papel vegetal barrado com manteiga.
Derreta a manteiga e reserve. Misture o sal, as restantes 100g de açúcar e a farinha.
Bata os ovos (o suficiente para mistura-los bem) com um pouco de sal fino e junte à mistura anterior em três vezes enquanto vai batendo, para que não se formem grumos. Junte em seguida a manteiga derretida, misturando bem. Por último, acrescente o leite e as natas, misturando bem para tornar a massa homogénea.

Escorra e espalhe a maçã na forma escolhida com papel vegetal que se barrou com manteiga e deite o creme por cima. Vai a forno médio (180º C) cerca de 40 minutos. Serve-se morno ou frio polvilhado com açúcar e canela.

Roberto Bolaño



Estou a ler (e a acabar) "Os Detectives Selvagens" do Roberto Bolaño. Excelente. Obrigado Paula/Fernando.

Nunca tinha lido nada dele e, a pensar neste livro, estou ansioso pela sua Obra Prima "2666".


Sai amanhã...

A Crise

"Em 2008, dos cerca de 2300 mil milhões de euros que se transaccionavam diariamente nos mercados financeiros, apenas 2,7% correspondiam a bens e serviços reais!"

Para bom entendedor...


MMC in DN 9 Set 09

Gelado Cheesecake

Regresso de férias com uma boa proposta de gelado que já tem muitos aficionados.

Utilizo uma geladeira para o fazer e quando está já bastante sólido passo-o para uma taça onde o misturo, rapidamente, com a bolacha Maria. Só depois o coloco em forma para ir ao congelador. É muito cremoso e guloso. Faites vos jeux!



Ingredientes
2 Embalagens de queijo Mascarponi de 250 g
2 Iogurtes naturais de 125 g
200 g de açúcar
2 Embalagens de iogurte de leite magro (125g x 2)
350g de compota de morango a 60% (pouco doce)
½ Pacote de bolacha Maria.

Confecção:
Junte o queijo, os iogurtes e bata com as varetas. Junte o açúcar. Misture tudo muito bem e junte o leite. Volte a misturar. Leve a mistura à geladeira até ganhar textura. Quando já estiver espesso, com a geladeira a trabalhar, vá juntando a compota às colheres.
Entretanto parta as bolachas aproximadamente em quartos.
Quando o gelado tiver a textura desejada transfira-o para um tapperware de ir ao congelador e misture as bolachas uniformemente.
Leve ao congelador.

Verão; recordar Eduardo Prado Coelho

Nestes dias de calor, em que visitamos ansiosamente as nossas agendas na procura de novos destinos de férias, faz bem recordar Eduardo Prado Coelho (EPC). Espaço, então, para EPC, para o Verão e para as Férias num texto publicado no Publico em 2002.

"A PRAIA FINALMENTE
por EDUARDO PRADO COELHO
Segunda-feira, 2 de Setembro de 2002, in Publico

Num belíssimo texto publicado há dias no suplemento "Babelia" do jornal "EL PAIS", o romancista e ensaísta Claudio Magris falava de qualquer coisa que todos nós sentimos, mas de que nem sempre temos plenamente consciência: a de que o Verão está a desaparecer.
Não, não se trata do reiterado tema contemporâneo de que "já não há estações" e não pretendo fazer qualquer prognóstico meteorológico. Nada disso, apenas o sentimento de que o Verão, o verdadeiro Verão, aquilo que foi o Verão da nossa infância, vai desaparecendo aos nossos olhos. Suspeitamos talvez de que o fenómeno não esteja bem contado: é possível que infância e Verão sejam sinónimos, e de que o Verão que parece perdido seja apenas a outra face do Inverno do nosso envelhecimento. Talvez. A idade mede-se pelos Verões que tivemos e pelos Verões que começamos a deixar de ter.
Mas que significa isto para Magris? Que algumas das características do Verão que incendiou de forma mágica os poentes da nossa infância se estão silenciosamente a desmoronar. Eu daria um exemplo: o Verão era para mim o enraizamento num lugar, com uma espécie de mobilização geral da família (havia os que estavam e havia os outros, tios, primos avós e sobrinhas, que passavam). Este enraizamento implicava uma outra experiência do espaço, que se definia por uma espécie de vizinhança generalizada: andávamos de casa em casa ao sabor das amizades e afinidades, hoje lanchava-se aqui, amanhã almoçava-se ali e no domingo íamos todos em excursão para uma praia, esperando que o excesso de vento não prejudicasse o consumo dos pasteis de bacalhau, das coxinhas de frango, das uvas e maçãs. No Verão, o tempo era longo, estiraçado, quase interminável, e havia espaço para o "flirt", a sedução, o jogo, amor, a leitura, o deslumbramento. Como diz Magris, gostar do Verão é não ter medo da vida, do amor, da felicidade - e da morte. E, por fim, no Verão jogávamos as cartas, dávamos longos passeios todos os dias e recuperávamos o prazer da leitura: os grandes romances foram feitos para as grandes tardes de Verão.
Nada disto desapareceu por completo, é claro. Sobrevive. Mas alterou-se de um modo decisivo. Onde nós vivíamos o Verão como concentração (nota: tenho plena consciência da marca de classe desta frase), hoje vive-se o Verão numa pressa ofegante, segundo modelos de aceleração permanente, numa espécie de "zapping" constante, a começar pela questão dos lugares: uma semana aqui, uns quantos dias ali, um salto a Espanha, tudo numa espécie de azáfama turística, em que a preocupação com não deixarmos de ser felizes quase impede que se dê espaço àquilo que é a verdadeira felicidade: um acontecer da vida sem razões nem consequências, um areal imenso e absoluto, a praia finalmente."

Tranches de Corvina com misto de legumes

Um prato de peixe delicioso e fácil de fazer. Pode introduzir as alterações que a sua imaginação e gosto ditarem, designadamente nos legumes usados e no tipo de emulsão. Acompanhe com um Branco Seco. Eu acompanhei com um Adega de Pegões Colheita Seleccionada 2008. Uma delicia...

Corvina
1,5 kg de tranches de Corvina

Azeite virgem, sal e pimenta moída q.b.

Legumes
2 Courgettes

3 Cenouras

2 Alhos franceses

250g de cogumelos (marron, portobello)
3 Dentes de alho

Azeite, sal e pimenta moída q.b.

Emulsão

150g de Coentros
1 Dente de alho
1 Colher de sopa de Alcaparras

2,5dl de Azeite

0,6dl de sumo de limão

Pimenta moída q.b.



Comece pela emulsão. Misture tudo e leve ao liquidificador ou Varinha. Corrija a pimenta e o sumo de limão a gosto. Reserve.

Corte os legumes em juliana, os cogumelos aos bocados (quartos, dependendo do tamanho) e pique os dentes de alho finamente. Aqueça o azeite, junte o alho e salteie tudo em lume vivo. Tempere de sal e pimenta moída. Reserve.

Limpe as Tranches de Corvina e tempere com sal e pimenta moída 10 minutos antes de corar num fio de azeite virgem em lume muito vivo.

Aromatize as Tranches de Corvina com a emulsão e sirva de imediato.

Sessão da noite

Acrílico sobre tela;73x92; 2009

Morreu João Bénard da Costa


Morreu mais um amigo destes que eu tenho; amigos desconhecidos... Com António Alçada Baptista formava uma dupla de amigos seguros que, embora sem conhecer pessoalmente, estavam sempre presentes quando era necessário e a eles recorria sempre com prazer renovado, como a porto seguro.
É destes homens que sentimos a falta; o país fica mais pobre e mais pequeno com a sua ausência.

Notícia

Tiramisù



Nos últimos anos o Tiramisù tem sido amplamente divulgado e hoje é possível comer esta sobremesa na maioria dos restaurantes. Infelizmente a maioria das receitas de Tiramisù que por aí andam pouco têm a ver com a receita original.
Originalmente, o Tiramisù era preparado com restos, facto que explica a presença de café, provavelmen­te para amolecer bolos já duros. Segundo se crê, surgiu na Lombardia. A originalidade desta sobremesa consiste no contraste entre os ingredientes doces e amargos, respectivamente dos biscoitos e do cacau e café. Entre eles encontra-se o mascarpone, um queijo cremoso com um elevado teor de gordura e um sabor suave, semelhante ao das natas.

A excelente receita que se segue é um regresso às origens com a Chef Luisa Valazza que recomenda que se acompanhe esta sobremesa com Marasquino, um licor ginja da Dalmácia ou do Véneto.

Para 4 pessoas
5 gemas
50g de açúcar em pó
500g de queijo mascarpone
5 colheres de chá de conhaque
24 biscoitos de champanhe
3 colheres de chá de cacau
4 chávenas de café (bem forte)

1. Para o creme de mascarpone, bater num recipiente as gemas e o açúcar em pó. Juntar o mascarpone e o conhaque e bater durante uns minutos.
2. Embeber os biscoitos no café e reservar.
3. Fazer camadas intercaladas com o creme de mascarpone, os biscoitos de champanhe e o cacau em pó, na forma escolhida.
4. Terminar com uma camada de mascarpone. Levar ao frigorífico durante 4 horas. Antes de servir, polvilhar com açúcar em pó e o cacau peneirado.

Eu apenas fiz uma alteração na cobertura final em que usei chocolate preto ralado onde é proposto que se polvilhe com açúcar em pó e cacau peneirado.
Sugiro-lhe que ao embeber os biscoitos em café o faça numa operação rápida para que os biscoitos não fiquem ensopados em demasia. Também ao fazer as camadas de creme e biscoitos, a primeira camada deve ser de creme mascarpone, seguida do cacau e biscoitos. Depois repete e termina com o creme, pelo que, se quiser, pode optar por dividir o creme em três partes (tantas quantas as camadas). Pode utilizar o aro de uma forma circular não aderente de 24cm. Deve centrá-lo no prato em que vai servir o Tiramisù e, então, fazer as camadas sucessivas.
A minha experiência diz-me que a receita pode levar mais três ou quatro biscoitos de champanhe.
Ter em atenção que, depois de feito, o Tiramisù deve ir ao frio pelo menos 4 horas, dependendo da regulação do seu frigorífico, e só depois desenformado. O meu frigorífico está regulado para 3ºC.


Sem Título


Acrílico sobre papel; 2009

Bochechas de Porco Preto em Vinho Tinto I



Agora que as bochechas de porco preto começam a aparecer à venda nos hipermercados, aqui vai uma excelente receita que deve ser saboreada com um tinto robusto. Acompanhei com uma salada de batata e espinafres salteada em alho picado e azeite de tomilho e na qual utilizei também batata doce.

Bochechas 
1200 g de bochechas de porco preto (12 bochechas) 
0,5 dl de azeite virgem 
Sal e pimenta q.b. 

Estufado 
0,5 dl de azeite virgem 
50g Bacon em cubos 
2 Cebolas 
5 Dentes de alho 
4 dl de caldo de carne (em alternativa de aves ou legumes) 
2 dl de caldo de tomate 
300g Cogumelos Paris 
3 dl de vinho tinto de boa qualidade 
1 piripiri 
2 folhas de louro 
Alecrim, Pimenta, Sal q.b. 

Limpe as bochechas de gorduras excessivas e tempere cerca de uma hora antes da confecção. Sele as bochechas num pouco de azeite virgem e reserve. 
Prepare um fundo com o azeite virgem, bacon, alho, cebola, piripiri e junte as bochechas e o louro. Refresque com vinho tinto. Adicione o caldo de carne e o molho de tomate previamente fervidos. Tempere de sal e aromatize com o alecrim seco em haste. Deixe cozinhar lentamente; quando tenras retire as bochechas e o louro e triture o fundo. Adicione de novo as bochechas. 
Saltei os cogumelos Paris em azeite virgem, tempere de sal e pimenta e junte ao preparado das bochechas. Rectifique de temperos e aromatize com alecrim em pó. 
 
Acompanhe com arroz basmati (ou puré de batata doce ou misto de batatas salteadas com espinafres).

Salmão fumado com alcaparras

Uma entrada muito simples e muito boa para quem gosta de salmão fumado. Demora 5 minutos a confeccionar. Corte o salmão fumado em tiras de 3 cm de largura e tempere com sumo de limão. Barre com um queijo (Boursin?) fines herbes, enrole e faça uma espetada com duas alcaparras. Termine com uma volta de moinho de pimenta preta e umas gotas de azeite virgem extra. Acompanhe com um Sauvignon Blanc ou (se tiver oportunidade) com um Chablis.

25 DE ABRIL. (A POESIA ESTÁ NA RUA)


Este cartaz acompanhou-me durante muitos anos, até que o Sol lhe levou as cores deixando apenas a memória da sua festa. É um cartaz que sempre me tocou particularmente, talvez pela sua força, talvez pela alegria da rua desses dias a que sempre o associei. Revi-o numa oportuna edição comemorativa dos 30 Anos do 25 de Abril publicada pelo Diário de Notícias - "25 de Abril 30 Anos 100 Cartazes". Faz parte do que eu penso ser um díptico de Vieira da Silva "A POESIA ESTÁ NA RUA" conjuntamente com este.



Nestes dois cartazes os elementos são comuns e permitem ler um 25 de Abril fundamentalmente urbano, onde a cidade surge como espaço de liberdade colectiva (talvez reivindicativa!), representando a democracia como um movimento de expressão popular e onde se espera que haja lugar para a imaginação, a criatividade e a liberdade que a poesia convoca.
Nesta data, mais uma vez recordo estas imagens e os momentos de exaltação que lhes ficaram associados, agora que são mais audíveis as vozes críticas e se inauguram Praças Salazar. São as vozes da memória curta, ou da ausência dela, e do direito adquirido. O 25 de Abril, no essencial, cumpriu-se. O sonho, esse, está sempre por cumprir pois é um caminho que se percorre e não um lugar onde se chega e se está. Só quem espera o paraíso, já ali, das soluções formatadas pode vender em saldo o árduo e enriquecedor percurso da Democracia e da Liberdade.



The S. Pellegrino World's 50 Best 2009


EL BULLI


E o primeiro prémio vai para...Ferran Adria e "El Bulli" ganham pela quinta vez (quarta consecutiva) o Best Restaurant in the World Award . Em segundo lugar ficou o Restaurante Inglês "The Fat Duck " o que já acontece pela 3ª vez. Começa a ficar um pouco monótono...

Vamos aos resultados.

S. Pellegrino World's 50 Best 2009 winners

Position Restaurant Country
1 El Bulli Spain
2 The Fat Duck UK
3 Noma Denmark
4 Mugaritz Spain
5 El Celler de Can Roca Spain
6 Per Se USA
7 Bras France
8 Arzak Spain
9 Pierre Gagnaire France
10 Alinea USA
11 L'Astrance France
12 The French Laundry USA
13 Osteria La Francescana Italy
14 St John UK
15 Le Benardin USA
16 Hotel de Ville Switzerland
17 Tetsuya's Australia
18 L'Atelier de Joel Robuchon France
19 Jean Georges USA
20 Les Creations de NARISAWA Japan
21 Chez Dominique Finland
22 Cracco Peck Italy
23 Die Schwarzwaldstube Germany
24 D.O.M. Brazil
25 Vendome Germany
26 Hof van Cleve Belgium
27 Masa USA
28 Gambero Rosso Italy
29 Oud Sluis Netherlands
30 Steirereck Austria
31 Momofuku Ssam Bar USA
32 Oaxen Skargardskrog Sweden
33 Martin Berasategul Spain
34 Nobu UK
35 Mirazur France
36 Hakassan UK
37 Le Quartier Francais South Africa
38 La Colombe South Africa
39 Etxebarri Spain
40 Le Chateaubriand France
41 Daniel USA
42 Combal Zero Italy
43 Le Louis XV France
44 Tantris Germany
45 Iggy's Singapore
46 Quay Australia
47 Les Ambassadeurs France
48 Dal Pescatore Italy
49 Le Calandre Italy
50 Mathias Dahlgren Sweden


Para se perceber melhor os desenvolvimentos que vão surgindo nesta área e também a solidez de alguns posições, como é o caso da França, aqui fica a tabela dos 100 melhores por país. A nossa vizinha Espanha já tem sete restaurantes nos 100 melhores. Onde estás Portugal que não te vejo!?

País Nº de restaurantes
France 15
USA 13
UK 10
Spain 7
Italy 7
Germany 7
South Africa 5
China 5
Japan 3
Australia 3
Sweden 2
Singapore 2
Russia 2
Netherlands 2
India 2
Denmark 2
Brazil 2
Belgium 2
Austria 2
Dubai 1
Switzerland 1
Mexico 1
Greece 1
Finland 1
Czech Republic 1
Bali 1


The S. Pellegrino World's 50 Best 2009

Cocotte de Raia com molho de marisco

Normalmente estou atento às receitas publicadas nos órgãos de comunicação social que leio. Facilmente me apercebo se as receitas valem a pena, muitas vezes com um toque pessoal que as torna receitas cá de casa. Esta saiu há pouco tempo num semanário e vale a pena porque, para além de saborosa e fácil de confeccionar, é barata - boa para a crise que atravessamos. Vamos à versão cá de casa!



1 Raia de 2 Kg
3 Cenouras
3 Courgettes
5 Batatas
500ml de Leite
4 Dentes de alho
150g de manteiga
1dl de azeite
1 Limão
250ml de caldo de marisco
1 Colher de sopa de farinha
Salsa
Flor de sal
Pimenta





Compre uma raia de 2Kg, mande amanhar e cortar em postas médias.
Ponha leite e ferver com os dentes alho e escalde a raia. Deixe arrefecer e retire-lhe a pele. Reserve.
Corte as courgettes em rodelas de 5mm, corte as
cenouras ao meio e abra as metades em quatro, descasque as batatas e corte às rodelas de 5mm. Escalde as cenouras e as batas em água a ferver durante 3 minutos. Escorra e reserve.
No sauté, com metade da manteiga e o azeite, salteie os legumes até alourarem. Tempere com flor de sal e pimenta moída. Coloque no fundo da cocotte (pequena caçarola). Acrescente o resto da manteiga ao sauté e aloure a raia até que ganhe um pouco de cor. Refresque com o sumo de limão. Coloque a raia na cocotte por cima dos legumes, tape e reserve. Aproveite o sauté e faça um bechamel muito leve com o caldo de marisco acrescentando um pouco mais de manteiga se necessário (quando utilizar camarão nas suas confecções faça um caldo com as cabeças e guarde no congelador). Pode acrescentar um pouco mais de caldo para que não engrosse demais. Rectifique os temperos.

Regue a raia com o molho, tape e leve a cocotte ao lume só para levantar fervura. Distribua um pouco de salsa picada por cima e sirva de imediato.

Para a próxima vez que fizer esta receita vou substituir as batatas por boletos salteados. Fica um pouco mais caro mas tenho o palpite de que ao prato subirá vários degraus gastronómicos.
Bom apetite!

Páscoa

"Hip, hip, hurra!", Peter Severin Krøyer, 1888

A páscoa recorda-me os rituais do domingo de ramos e da visita pascal. Íamos em grupo ao "cavalo selvagem" com seiras uma palavra que já não se usa colher alecrim e rosmaninho. Com o alecrim fazíamos a cruz que levávamos à missa desse domingo para ser benzida e todos se esmeravam para levar a cruz mais bonita ou na falta de jeito a maior. No domingo de páscoa espalhávamos o rosmaninho na frente da porta de casa o que no bairro significava colorir o passeio junto a cada portão. Os mais empenhados acrescentavam flores e esse mar de perfumes espalhava-se por todo o bairro como se tivesse por objectivo solicitar o sorriso que me parecia ver mais iluminado em todas as faces e que eu inocentemente não associava à ressurreição de cristo mas à chegada do sol e da primavera. Nesses domingos essa actividade adicional que nos ligava mais à natureza que à igreja era uma pequena competição que nos enchia de alegria e acrescentava significado àqueles dois fins-de-semana. A espera da visita pascal fazia-se ao portão pelos mais novos que no momento oportuno alertavam os pais que aguardavam dentro de casa para a chegada eminente do padre e sua comitiva. A visita era rápida. A família perfilava-se de joelhos para cumprir o ritual de beijar o ícone e depois de breves palavras de circunstância era discretamente feita a entrega da dádiva normalmente um envelope com dinheiro e a comitiva lá partia para outra visita.

Era no domingo de pascoa que em anos de maior fartura a minha mãe assava cabrito no forno. Limpava-o muito bem e reservava os miúdos para o arroz. Naquele tempo não havia tantas preocupações com as gorduras. Lembro-me bem de ela fazer uma massa de banha de porco, alho, sal e colorau ao que juntava umas folhas de louro com que barrava o cabrito que assim ficava a ganhar gostos e aromas até ao dia seguinte. No dia era só ir ao forno com vinho branco, um pouco de azeite e pronto. Ela tinha todo o cuidado para não o deixar secar e se necessário juntava um pouco mais de vinho ao mesmo tempo que ia virando os vários pedaços até que ficasse louro brilhante. A acompanhar assava umas batatas que juntava na mesma assadeira e que servia juntamente com o ressumado arroz de miúdos em cuja confecção não se regateava o azeite.

Da páscoa de antigamente ficou-me o cabrito. A ele voltaremos...

Boa páscoa bom cabrito.

Empadão de Perdiz



(Dá para duas formas redondas de 24cm)

6 perdizes
7,5dl de vinho do Porto seco
2,5dl de vinho Branco seco
4 chalotas
600g de cogumelos laminados (boletos)
2dl de azeite
1 alho Francês
50g de aparas de presunto
3 folhas de louro
3 pés de Salsa
1 colher de sopa de farinha
Sal e pimenta q.b.

2 doses de massa quebrada

Para o recheio

48 horas antes, limpar bem as perdizes e esfregá-las com sal e pimenta moída. Pô-las a marinar nos vinhos de forma a que fiquem todas mergulhadas.

Escorrer bem as perdizes e reservar a marinada.
Num tacho grande picar as chalotas e juntar ao azeite em lume médio. Juntar as perdizes escorridas e alourá-las no azeite regulando o lume para que as chalotas não queimem. Quando estiverem louras juntar a marinada, as aparas de presunto, os pés de salsa e o louro. Deixar cozer em lume brando e rectificar temperos. Quando as perdizes estiverem tenras retirar para um recipiente à parte e desossar reservando toda a carne limpa.
Juntar os cogumelos e o alho francês cortado aos pedaços ao molho restante. Deixar cozer em lume brando até apurar. Rectificar temperos, retirar as folhas de louro e engrossar o molho com a farinha após o que deve cozer 10 minutos em lume brando. Juntar a carne de Perdiz e envolver. Está pronto.

Massa Quebrada (dose)

400g de farinha
200g de manteiga derretida
4 colheres de chá de açúcar
1 ovo grande inteiro
1 colher de café de fermento royal.
Água morna q.b.
Sal q.b.

Peneire (misture) a farinha com o fermento e o açúcar sobre a banca da cozinha. Faça um monte e no meio faça uma cova. Dentro dela deite o ovo inteiro e uma pitada de sal. Mexa ligeiramente em círculo (meta a mão). Junte a manteiga levemente derretida e trabalhe a massa juntando um pouco de água morna para ajudar a ligar tudo. Faça uma bola, tape com um pano e deixe repousar durante 1 hora no frigorífico.
Estenda a massa com o rolo, aplique à tarteira e pique com um garfo.

Evolução da palavra latina "coquina"