O país profissional

Sempre me impressionou que jornalistas brilhantes se comportassem como miúdos travessos abandalhando as reuniões, chegando atrasados, atendendo o telemóvel, entregando-se a pequenos exercícios de vaidade, distraindo-se em conversas laterais, falando a demais e a despropósito.
Oito em cada dez empresários portugueses acham que a maioria das reuniões são desnecessárias e improdutivas, segundo um inquérito da AESE (...). Entre FB, Twitter, mails, Messenger, reuniões e telefonemas gastamos a comunicar tempo que seria mais bem empregue a trabalhar. O excesso de reuniões é uma das maiores fontes de ineficiência das organizações. Segundo calcula Kevan Hall, o guru inventor do speed lead, desperdiçamos um dia por semana (nove anos de vida!) em reuniões que não acrescentam valor.
Jorge Fiel, in Público de 29 Out 2009

Não conheço Jorge Fiel mas pelo menos isto temos em comum; também sempre me impressionou profundamente a terrível falta de eficácia das reuniões profissionais. E de como aqueles comportamentos condenáveis e tão pouco profissionais, a começar pela falta de pontualidade, representam uma profunda falta de respeito pelos outros.
Estou convicto que as empresas, de uma forma geral, conhecem este problema (embora não equacionem a urgência da sua resolução).
Há já bastantes anos tive oportunidade de frequentar uma acção de formação profissional sobre condução de reuniões da qual tirei ensinamentos úteis e que passei a aplicar esforçadamente na minha vida profissional. Constatei que, na sua grande maioria, todos os meus colegas acharam igualmente útil esta formação. Pude, no entanto, comprovar que a passagem à prática foi genericamente débil ou nula. Na nossa cultura empresarial a indisciplina e a vaidade (oh como é bom ouvirmo-nos falar eloquente e longamente - não é só na Assembleia da Republica!) são lidos como exercícios de poder. E muitas vezes premiados! E no confronto com o rigor este só pode perder.

Infelizmente não são apenas os jornalistas, como refere Jorge Fiel. Será que esta é uma realidade apenas latina?

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Evolução da palavra latina "coquina"