Anda por aí a fazer caminho a ideia peregrina de que, estando o país em crise grave, devemos ter ministros mais técnicos - seja lá o que isso for - que não sejam políticos ou que esqueçam momentaneamente a política. Subjaz a esta ideia a noção de que esta coisa da governação é uma ciência exacta e que, portanto, melhor será um governo de cientistas (ou técnicos), pois tomará decisões virtuosas; como se a opção entre soluções alternativas, muitas vezes antagónicas, não fosse sempre política. Mesmo quando parece técnica.
Que não restem dúvidas!
1. Não há governantes puramente técnicos. As opções da governação são sempre políticas; têm a ver com o governo da pólis e representam escolhas sobre os objectivos a alcançar e os caminhos a percorrer.
2. Este pensamento sobre as virtudes tecnocráticas é de direita. Pressupõe a superioridade do homem e da mulher sem ideologia (o que, por si só, corresponde a uma ideologia alternativa).
3. E é, também, ignorante.
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